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Motoristas reclamam de buracos e lama na estrada que liga Cruzeiro do Sul a Rio Branco: ‘cada dia piora mais’

De Feijó a Rio Branco, motorista gastou cinco horas. Dnit diz que não há recursos para recuperação

O Acre está no período de transição da estiagem para o chamado “inverno amazônico”, quando as chuvas começam a ser registradas. E todos os anos, ao começar as chuvas, as viagens pela BR-364 ficam complicadas devido às más condições da rodovia federal. Neste ano, não é diferente, quem precisa passar pela BR reclama de buracos, lamas e, consequentemente, a demora da viagem.

Cleiton Silveira, estudante de teologia, conta que fez o trajeto Feijó-Rio Branco em cinco horas.

“Já havia feito esse trajeto outras vezes, mas, alguns trechos da estrada estão em situação muito crítica, uma viagem que duraria bem menos acaba se estendendo. O amigo que estava na nossa frente teve o carro danificado e não conseguiu desviar de todos os buracos e teve que mandar o carro para o conserto. Ao longo da estrada, a gente vai vendo vários carros parados. Não dá para acelerar muito, confiar muito, a viagem se torna mais estressante”, conta.

Natural do Paraná, morando há cinco meses no Acre, Silveira diz que fica impressionado como as pessoas no estado se acostumaram com a falta de estrutura da estrada.

“Percebo que tem partes do asfaltado que acaba cedendo, se não for atento, o motorista não consegue evitar acidente. É a primeira vez que vejo uma estrada tão danificada, mas, muita segurança, cautela e atenção”, destaca.

E a situação é ainda pior para quem precisa sair de Cruzeiro do Sul para Rio Branco para fazer tratamento de saúde. Francisco de Assis, de 58 anos, faz tratamento contra um câncer há mais oito meses na capital e precisa enfrentar a br-364 quase todos os meses.

De acordo com ele, além das dificuldades do tratamento, precisa se preocupar com a falta de descanso por conta da quantidade de buracos na rodovia. “Tem muito buraco e o ônibus corre pouco por conta disso, e ninguém cochila porque é muito buraco”, conta.

Os motoristas de ônibus que fazem o trajeto constante também reclamam da falta de condições e segurança na rodovia. “A situação da BR tá crítica porque não tá tendo manutenção, agora que começou o período da chuva está ficando cada vez mais ruim”, diz o motorista de ônibus Reginaldo Falcão.

O colega de profissão Simão Gomes diz que não é possível nem estipular mais o tempo de viagem. “Ninguém diz mais nem horário para chegar, porque cada dia piora mais”, reclama.

O superintendente do Departamento Nacional de Infraestrutura e Transportes no Acre (DNIT-AC), Carlos Moraes, disse que não há recursos para reparos. “O Dnit e o Ministério da Infraestrutura estão envidando todos esforços para conseguir suplementação orçamentária e viabilizar a retomada dos serviços. Os serviços que estão sendo realizados são mínimos e os mais urgentes apenas”, destacou.

Carreta carregada de gás atola e estrada no interior do AC fica fechada por mais de 18 horas — Foto: Arquivo pessoal
Carreta carregada de gás atola e estrada no interior do AC fica fechada por mais de 18 horas — Foto: Arquivo pessoal

Carreta atolada

O tráfego na BR-364, entre Feijó e o município de Manoel Urbano, na semana passada, ficou parado por mais de 18 horas para caminhões, ônibus e outros veículos grandes, após uma carreta carregada com 40 toneladas de gás em botijas atolar. O acesso ficou fechado entre 17h de sexta-feira (14) até as 11h de sábado (15).

Caminhões e ônibus formaram filas quilométricas dos dois lados da pista. O jornalista Raimundo Accioly tinha saído de Rio Branco com destino a Tarauacá quando se deparou com a situação. Segundo ele, o motorista da carreta fez uma manobra em um trecho de chão batido da rodovia durante a chuva e acabou atolando.

Logo após o ocorrido, o Dnit informou que havia uma depressão no ponto da rodovia e os madeireiros da região jogaram um solo local para melhorar a trafegabilidade.

“Ocorre que, com a chuva, esse solo “derreteu” e deixou o local extremamente escorregadio e perigoso. Mas já fizemos a remoção deste solo e lançamos material pétreo na granulometria apropriada para melhorar a segurança dos usuários. O serviço definitivo, infelizmente as condições climáticas e os recursos disponíveis não nos permitem executar”, disse Moraes.

No trecho, onde carreta tombou foi feita um reparo — Foto: Divulgação/Dnit
No trecho, onde carreta tombou foi feita um reparo — Foto: Divulgação/Dnit

Audiência pública

O problema da BR-364 é antigo. Tanto que em setembro do ano passado, deputados fizeram uma audiência pública para cobrar os trabalhos que estavam sendo feitos na rodovia. Estiveram na reunião, na Assembleia Legislativa do Acre (Aleac), o Departamento Nacional de Infraestrutura e Transportes (DNIT-AC) e os empresários de empresas contratadas para a reparação. Eles foram ouvidos pelas Comissões de Serviço Público e de Trabalho e Municipalismo, de Obras Públicas, Transportes e Comunicação na manhã dessa terça-feira (21) para debater sobre o trabalho de reparos na rodovia.

Com informações g1.

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