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Em ação para conter avanço da violência, polícia prende três membros de organização criminosa no AC

O Acre tem registrado o aumento da violência nos últimos dias devido à guerra de facções criminosas por território no estado. Desde a semana passada, houve aumento das execuções, ataques, tentativas de homicídios e assaltos.

O ápice foi no sábado (26), quando Rio Branco teve uma noite violenta. A Secretaria de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) implantou um gabinete de crise, onde concentra o efetivos das polícias e traça metas para conter o avanço do crime no estado.

Em uma das ações, nessa terça-feira (29), delegacias de forma integrada cumpriram mandados judiciais contra organizações criminosas e prenderam três membros do crime organizado.

Pedro Paulo Buzolin, diretor de Polícia Civil da Capital e do Interior (DPCI), disse que oito mandados de busca e apreensão foram cumpridos.

“Uma ação conjunta de algumas delegacias da Polícia Civil, entre elas a Draco [Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas]; a Denarc [ Delegacia de Repressão ao Narcotráfico] e a DHPP [Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa] lograram êxito em prender três pessoas em flagrante durante cumprimento de oito ordens judiciais de busca e apreensão. Esses mandados foram cumpridos, parte deles no bairro Taquari, pela parte da manhã e à tarde realizamos uma ação na Cidade do Povo, onde prendemos duas pessoas em flagrante delito pelos crimes de integrar organização criminosa e posso ilegal de munições”, destaca.

A operação, segundo o delegado, faz parte das medidas tomadas pelo gabinete de crise para identificar e prender os mandantes e executores do crime.

“São ações que foram desencadeadas para tentar conter essa onda de violência que vem ocorrendo no estado do Acre. Essas ações enfraquecem as organizações criminosas, retira de circulação o poder bélico dessas organizações e, com certeza, a Polícia Civil e Militar irão intensificar as ações neste final de ano para trazer tranquilidade à população acreana”, destaca.

Ele diz ainda que as pessoas presas já tinham passagem pela polícia e estavam envolvidas diretamente em ações criminosas. “Esse ápice de violência, essas mortes demonstram desentendimento das organizações, a busca por domínio de território”, pontua.

Gabinete de crise

 

A Secretaria de Justiça e Segurança Pública do Acre informou que instalou um gabinete de crise para acompanhar concentrar e desenvolver melhor os casos no estado. O gabinete foi instalado na segunda-feira (28).

A DHPP fica focada em investigar os casos de homicídio e prender quem orquestra os ataques, mas o delegado destacou que, paralelo a isso, outra medidas são tomadas.

Mortes

 

Kennedy Rafael dos Santos, de 19 anos, foi morto a tiros no sábado (26). Populares informaram à polícia que a vítima estava de moto, quando foi “fechada” por um carro preto, ouviram cerca de 5 disparos e viram duas pessoas correndo para esse carro preto e saindo rapidamente do local. Uma moradora que se encontrava em frente onde ocorreu o homicídio foi atingida de raspão na região do quadril. Ela foi atendida pelo Samu e encaminhada ao Pronto-Socorro e o quadro é estável.

Outra execução foi registrada no bairro do Amapá, em Rio Branco. Um homem foi morto a tiros dentro de uma casa no Ramal do Pica-Pau. Ele foi identificado como Elismar de Souza Cunha, de 33 anos, mais conhecido como “Mazinho”.

Segundo a Polícia Militar, populares informaram que cinco pessoas fortemente armadas e trajando coletes balísticos estavam em um carro Hyundai de cor prata, com marcas de tiros na lataria.

Os criminosos entraram na casa, onde estavam três pessoas, entre elas Mazinho. Um dos homens fugiu pela mata, ficando apenas a vítima e o dono da casa. Os autores chegaram gritando que seriam policiais e Mazinho foi obrigado a deitar e foi morto com oito tiros. Segundo a polícia, a vítima havia chegado na casa na manhã de sexta-feira (25), onde passaria uns dias.

Carro incendiado

 

O mesmo carro usado para matar Mazinho no Ramal do Pica-Pau foi incendiado na Baixada da Sobral, bairro Bom Sucesso. Segundo informações, homens atearam fogo no veículo e fugiram. A Polícia Militar informou que não tinha ninguém no carro e que foi o mesmo veículo usado no homicídio. O carro foi guinchado e levado à Divisão Especializada em Investigações Criminais (Deic).

Tentativas de homicídios

 

Na Sobral, um motorista de aplicativo foi vítima de tentativa de homicídio. Ela estava trabalhando e, após percorrer algumas quadras no bairro Bahia Nova, próximo a parada final do bairro, vários homens tentaram pará-lo e ao desobedecer ao pedido, escutou disparos de arma de fogo. Ele foi atingido na região lombar esquerda. O veículo aparentemente foi atingido com três disparos. O homem foi para a UPA da Sobral e de lá encaminhado ao Pronto-Socorro. Essa ocorrência foi registrada já na madrugada de domingo. Ele foi identificado como Aldemir Cordeiro.

Antes disso, também na noite de sábado, Alexandre da Silva, de 30 anos, foi atingido por tiros na rua Padre José, bairro Triângulo Novo. A esposa da vítima disse que seu marido havia sido ameaçado de morte dias atrás e que, segundo informações de populares, o crime havia sido cometido por um morador da Cidade do Povo.

Guerra de facções

 

A onda de mortes violentas se intensificou novamente no Acre nos últimos dias e tem mobilizado autoridades da Segurança Pública para tentar conter o avanço do crime organizado no estado, que tem avançado não só com relação às mortes violentas, mas também outros crimes, como sequestros e roubos. O secretário de Segurança e Justiça do Acre, coronel Paulo Cézar, confirmou que as ordens dos confrontos partem de presídios do estado e também do país vizinho, Bolívia.

O clima de tensão começou a se intensificar, no começo de novembro, na região do Alto Acre, onde em um fim de semana chegaram a ser registradas três mortes violentas. Já na última semana, foram ao menos nove mortes, tanto na capital como no interior do estado.

Sendo que na quinta-feira (24), a Baixada da Sobral registrou três homicídios em dias seguidos e, no mesmo dia, mais um homem foi morto em Senador Guiomard. O confronto então acendeu um alerta de que as facções estão novamente com conflito.

O secretário destacou que a Inteligência da Segurança identificou que há um movimento entre os chefes de facção.

“A Inteligência identificou que há um movimento envolvendo lideranças criminosas, crime organizado, principalmente narcotráfico. As ações já estão sendo deflagradas, não só ao que tange o policiamento ostensivo, mas áreas que foram identificadas como propícias a ocorrência de execuções, crimes violentos contra a vida, bem como na área investigativa, no sentido de se antecipar a essa práticas, isolando as lideranças criminosas que têm determinado essas práticas delituosas em nosso estado.”

Três pontos, segundo ele, foram reforçados: foi ampliada a identificação desses indivíduos e ampliado o contato com as agências nacionais de inteligência, enquanto que o número de policiais envolvidos nas investigações foi redobrado.

POR G1-AC

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