Um advogado que não teve o nome foi alvo da Operação Tricoat III, deflagrada nesta quarta-feira (3) pela Polícia Federal, em Rio Branco. Conforme a polícia, ele é suspeito de repassar informações sigilosas com intuito de impedir e embaraçar investigação em curso contra organização criminosa.
Ao todo, foram cumpridos dois mandados judiciais, sendo um de prisão e um de busca e apreensão. Dez policiais federais de Rio Branco foram mobilizados para a ação.
A investigação começou logo após adeflagração da Operação Tricoat II, ocorrida na última quinta-feira (27) no Acre e mais seis estados, que revelou um esquema chefiado por advogado que tinha como objetivo a troca de informações sigilosas por vantagem pecuniária.
Conforme a PF, a investigação indica que o advogado, munido de informações sensíveis, tentou receber valores de investigados, com a finalidade de impedir e atrapalhar as investigações em curso.
Em razão dos fatos apurados, os investigados podem ser indiciados pelos crimes de integrar organização criminosa, bem como de impedimento e embaraço de investigação criminal. As penas somadas podem chegar a 16 anos.
O nome da operação faz referência a Operação Tricoat II, deflagrada na semana passada, e tinha como principal escopo combater o tráfico interestadual de drogas e a lavagem de dinheiro.
Operação Tricoat II
A Polícia Federal deflagrou no dia 27 de abril a Operação Tricoat II, que investiga uma suposta organização criminosa dedicada à lavagem de dinheiro e tráfico de drogas interestadual. Ao todo, foram cumpridos 24 mandados de busca e apreensão e dois mandados de prisão em sete estados: Acre, Santa Catarina, Rio Grande do Norte, Maranhão, Amazonas, Pará e Piauí.
A investigação, que começou em janeiro de 2022, apontou um esquema de envio de drogas para estados, principalmente, da região nordeste por meio terrestre. A operação ainda investiga lavagem de dinheiro decorrente do crime.
Para lavar o dinheiro proveniente dos crimes, um núcleo – liderado por um empresário acreano – se utilizava de um mercado em Rio Branco, e simulava o funcionamento regular do estabelecimento para justificar os valores e bens obtidos com o lucro do tráfico de drogas.
Os investigados movimentaram mais de R$ 37 milhões em suas contas bancárias durante o período da investigação. A justiça autorizou o bloqueio de contas, sequestro de imóveis, terrenos e itens de luxo.
Como funcionava esquema
O delegado de Polícia Federal Felipe Peres Fachinelli explicou que a droga saía do Acre, que faz fronteira com países que têm uma grande produtividade de droga, com destino aos estados do Nordeste, especialmente, Natal, João Pessoal e Maranhão. A organização criminosa tinha sede em Rio Branco.
Entre os mandados de busca e apreensão cumpridos, 14 foram em Rio Branco, dois em Epitaciolândia, dois em Cruzeiro do Sul e outros seis nos demais estados. Três pessoas foram presas no Acre e uma em Manaus.
“A lavagem de dinheiro acontecia com investimento em imóveis, para tentar ocultar esse caminho ilícito e também por meio de pessoas interpostas para fazer atos de lavagens, que é o depósito fracionado e retirada fracionada de dinheiro. Utilizavam laranjas, na maioria das vezes pessoas hipossuficientes, que não tinham nenhum lastro financeiro para justificar, por exemplo, uma movimentação de R$ 2 milhões”, disse o delegado.
Por: G1 Acre