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Em risco de desabastecimento, moradores de Porto Walter pedem reabertura de estrada para Cruzeiro do Sul

Moradores de Porto Walter, no interior do Acre, saíram em passeata para pedir pela reabertura do Ramal Barbary, estrada de terra que liga o município à Cruzeiro do Sul. A cidade, que completou 32 anos nesta terça-feira (25), vive em situação de isolamento e corre risco de sofrer desabastecimento por causa da seca do Rio Juruá.

A cidade, que tem pouco mais de 11 mil habitantes, integra o grupo cidades isoladas do Acre, onde só é possível chegar em aviões de pequeno porte ou em embarcações que podem levar de sete horas a até cinco dias dependendo do nível dos rios que levam a esses locais.

“Já estamos passando por uma situação em que já estão evitando trazer frios como frangos, as verduras estão chegando estragadas. O valor do frente consequentemente aumenta, porque os barqueiros tem um custo maior e esse custo é repassado para o comerciante que consequentemente repassa para a população e encarece cada vez mais nosso custo de vida”, lamenta o técnico em telecomunicações, Éder Farias, de 27 anos.

Produtos alimentícios estragam na viagem até o município — Foto: Éder Farias/Arquivo pessoal

Produtos alimentícios estragam na viagem até o município — Foto: Éder Farias/Arquivo pessoal

Na cidade, o litro do diesel já custa R$ 9,25 e o da gasolina não sai por menos de R$ 9,90. E com o avanço da seca a situação pode piorar. O nível do Rio Juruá já é a menor para o mês de junho dos últimos cinco anos, já tendo chegado a 1,52 metro na cidade.

“Porto Walter e Marechal Thaumaturgo já começam a ficar comprometidos no sentido de navegação. A gente sabe que esses municípios dependem quase 100% dos rios como hidrovias, tanto para levar as estivas do comércio, como para fazer o escoamento da produção rural e também o transporte de pessoas”, ressaltou o comandante do Corpo de Bombeiros para a região do Vale do Juruá, Josadac Cavalcante.

Acesso terrestre foi fechado pouco mais de um ano após ser aberto

Para a população de Porto Walter, no entanto, a situação já poderia ter sido resolvida. Isolada por via terrestre do restante do estado pela maior parte de sua história, a comunidade ganhou, em setembro de 2022, uma estrada de 84km ligando a localidade a cidade de Cruzeiro do Sul.

Parecia o começo de uma nova era para eles, entretanto, pouco mais de um ano após a abertura da estrada, a cidade voltou a ficar isolada. O Ministério Público Federal (MPF-AC) ingressou com uma ação questionando os impactos ambientais na Terra Indígena (TI) Jaminawá do Igarapé e a falta de consulta aos povos indígenas da região antes da construção.

Estrada foi fecha pouco mais de um ano após ser aberta — Foto: Asscom/Prefeuitura

Estrada foi fecha pouco mais de um ano após ser aberta — Foto: Asscom/Prefeuitura

Em dezembro de 2023, a Justiça Federal acolheu o pedido e determinou o bloqueio da via e proibiu novas intervenções no local.

“Esta obra foi executada pela Prefeitura de Porto Walter e pelo Estado do Acre sem autorização dos órgãos federais e sem consultar as comunidades indígenas de forma livre, prévia e informada. Em ação civil pública ajuizada pelo MPF e pelo MP-AC, a Justiça Federal determinou a suspensão das intervenções na área”, afirmava a ação assinada pelo procurador da República Lucas Dias.

Ao g1, na época, o Deracre informou que não havia sido notificado sobre o bloqueio, e ressaltou que a construção da passagem foi concluída com desvio da terra indígena.

Até o final de junho de 2024, porém, a decisão da Justiça Federal mantinha o bloqueio sem previsão para o término.

“A gente sempre teve um sonho da estrada, para melhoria de vida em todas as áreas para a nossa população. Hoje com a estrada embargada vem o sentimento de frustação, de indignação com nossos representantes. Já são dois anos de embargo, um ano da última audiência pública e até agora não foi resolvido nada”, lamenta Farias.

Por: G1 Acre

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