O Rio Acre registrou, neste sábado (21), seu menor nível em 53 anos, atingindo 1,23 metro, marcando a maior seca da história do estado. A medição, feita pela Defesa Civil, mostrou que o rio baixou dois centímetros em comparação à sexta-feira (20), quando o nível havia atingido 1,25 metro, igualando o recorde anterior registrado em outubro de 2022.
As menores marcas do Rio Acre incluem:
- 1,30 metro – 17 de setembro de 2016
- 1,29 metro – 11 de setembro de 2022
- 1,27 metro – 28 de setembro de 2022
- 1,25 metro – 20 de setembro de 2024
A Defesa Civil monitora o rio diariamente desde 1971. Em Rio Branco, o manancial está abaixo dos 4 metros há mais de três meses e tem permanecido abaixo dos 2 metros por 97 dias consecutivos.
Impactos da Seca
A seca severa afeta açudes, poços artesianos e igarapés, com 37 comunidades de Rio Branco dependendo de caminhões-pipa da Defesa Civil. Cerca de 35 mil pessoas estão sendo atendidas, com a distribuição de 300 mil litros de água por dia.
A moradora Maria José Araújo, do Ramal do Romão, relatou que, pela primeira vez em 14 anos, a região ficou sem água, com o açude praticamente seco. “A única esperança é a chuva”, disse.
Medidas Emergenciais
O governo do Acre decretou situação de emergência em 11 de junho, com validade até 31 de dezembro. A capital, Rio Branco, emitiu seu decreto no final de junho, reconhecido pelo governo federal em 24 de julho. Um plano de contingência foi desenvolvido para garantir o abastecimento, principalmente nas áreas rurais.
O Serviço de Água e Esgoto de Rio Branco (Saerb) construiu uma barragem temporária para manter a captação de água, com 96% de capacidade nas estações de tratamento da cidade.
Prejuízos e Extremos Climáticos
Mais de 387 mil pessoas foram impactadas pela seca nas zonas urbana e rural. Produtores agrícolas registraram perdas significativas, e o transporte de mercadorias foi afetado.
O ano de 2024 apresenta extremos climáticos, com o rio passando de enchente, no início do ano, para seca extrema. O nível do rio chegou a subir em março, após chuvas intensas que causaram enchentes, mas desde junho, o cenário mudou drasticamente com a falta de chuvas.
O governo estadual criou um gabinete de crise para lidar com a situação, que permanece em alerta máximo até o fim do ano, com foco no abastecimento de água e na prevenção de incêndios florestais.