A seca do Rio Acre já é a segunda maior da história de Rio Branco. Nesta segunda-feira (9), o manancial chegou a marca de 1,29 metro superando o recorde anterior que era de 1,30 metro alcançado em 2016 e alcançado novamente este ano.
Em mais de meio século de medições, essa é a apenas a segunda vez que as águas do manancial chegam a esse nível durante o ano em Rio Branco. E segundo projeções da Defesa Civil, é possível que o nível baixe ainda mais alcançando ou até superando 1,25 metro, o menor já registrado.
O rio está a quatro centímetros da menor cota histórica desde 1971, quando o manancial começou a ser monitorado em Rio Branco. A marca histórica de seca é de 1,25 metro, em 2 de outubro de 2022.
- 🚰 Seca: toda a Bacia do Rio Acre está em situação de alerta máximo para seca, agravada em razão da falta de chuvas na região. Esta situação generalizada perdura há dois meses. Já o manancial em Rio Branco se encontra abaixo de 4 metros há mais de três meses.
- 👨🏽🦲 População afetada: Mais de 387 mil pessoas nas zonas urbana e rural de Rio Branco
- ⚠️ Prejuízos: como resultado da seca, produtores perderam plantações e houve queda nas vendas. O baixo nível do manancial também afeta o transporte das mercadorias.
A marca recém-superada de 1,30 metro já foi considerada a pior da história da capital acreana. O Departamento de Pavimentação e Saneamento do Acre (Depasa) chegou a gastar mais de R$ 2 milhões em equipamentos e insumos para manter o abastecimento na cidade na época.
Depois de chegar até a marca, o rio voltou a subir, mas foram necessários mais nove dias até que voltasse a ficar acima dos dois metros.
Entre cheias e secas, se passaram mais seis anos até que a marca de 1,30 metro fosse novamente alcançada no dia 10 de setembro de 2022. Daquela vez, porém, o manancial continuou a bater a menor marca por mais quatro vezes até chegar a 1,25 metro no dia 2 de outubro.
Rio Acre ficou com 1,25 metro em Rio Branco – foto de outubro de 2022 — Foto: Iryá Rodrigues/g1
Na época, a Defesa Civil já trabalhava com a possibilidade do rio ficar abaixo de 1 metro, mas a chegada do período de chuvas afastou essa possibilidade.
Agora, em um cenário de seca que começou antes do esperado, no final de maio, e ainda distante do início do período chuvoso em outubro, a avaliação do órgão é que é possível ultrapassar a marca histórica de 2022.
“Já há um plano de contingência para o caso do rio ficar abaixo de 1,25 metro”, explica o coordenador da Defesa Civil do Acre, coronel Carlos Batista.
A seca já afeta, direta e indiretamente, mais de 387 mil pessoas apenas na capital acreana. As mais atingidas, entretanto, são as comunidades da zona rural. Desde junho, equipes da Defesa Civil Municipal levam carros-pipas para atender os moradores dessas regiões.
“Todos nós somos afetados pela seca extrema e suas várias consequências. Há impacto na produção, na agricultura, na pecuária, no abastecimento de água potável, incêndios florestais que emanam gases que afetam a saúde de todos nós”, explica Batista.
Alerta máximo
Toda a Bacia do Rio Acre está em situação de alerta máximo para seca, agravada em razão da falta de chuvas na região. Esta situação generalizada perdura há dois meses. Já o manancial em Rio Branco se encontra abaixo de 4 metros há mais de três meses.
As oscilações têm sido frequentes desde que o manancial ficou abaixo de 4 metros na capital, e mais precisamente este mês, quando o chegou a ultrapassar 1,50 metro e depois voltou a reduzir.
A situação acima contrasta com a vivenciada entre fevereiro e março, quando o Acre passou pela segunda maior enchente de sua história desde 1971, ano em que a medição começou a ser feita. Na época, a inundação provocada pelo Rio Acre fez com que mais de 11 mil pessoas deixassem suas casas. Agora os acreanos vivem o contrário da cheia.
Histórico de seca
O governo do estado decretou, no dia 11 de junho, situação de emergência por conta da seca e emergência ambiental por causa da redução da quantidade de chuvas e riscos de incêndios florestais.
Duas semanas depois, foi montado um gabinete de crise para discutir e tomar as devidas medidas com redução dos índices de chuvas e dos cursos hídricos, bem como do risco de incêndios florestais. O decreto com a criação deste grupo foi publicado no dia 26 de junho, em edição do Diário Oficial do Estado (DOE), e fica em vigência até dia 31 de dezembro deste ano.
Em 2022, a seca levou o Rio Acre a bater recordes negativos pelo menos quatro vezes. A cota histórica era de 1,30 metro, registrada em 2016.
Há dois anos, o manancial marcou esse nível no dia 10 de setembro. No dia 11, o rio reduziu para 1,29 metro, e depois seguiu em baixa até o dia 29 quando chegou a 1,26 metro. Na manhã do dia 2 de outubro o nível chegou à marca de 1,25 metro, a menor da série histórica iniciada em 1971.
No ano passado, o decreto de emergência foi publicado em outubro. O coordenador estadual da Defesa Civil, coronel Carlos Batista, disse que o plano estadual de contingenciamento já foi elaborado.
Rio Acre marca 1,33m e se aproxima da segunda menor marca de sua história
No dia 28 de junho, o prefeito de Rio Branco, Tião Bocalom, também assinou um decreto de emergência em razão do baixo nível do Rio Acre e da falta de chuvas.
A situação alerta para a possibilidade de um período de seca que, segundo especialistas, pode se antecipar e se tornar cada vez mais frequente em um menor espaço de tempo.
O mesmo quadro foi observado em 2016, ano com a segunda pior seca. Em 17 de setembro, o rio atingiu a menor cota histórica da época: 1,30 metro.
Por: G1 Acre