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Acre teve mais de 500 gestantes infectadas por sífilis em 2023, diz Ministério da Saúde

Casos de sífilis entre gestantes diminuiu por três anos seguidos no Acre, mas permanece em 546 casos. Foto: GETTY 

O índice de casos de sífilis teve um aumento no Acre em 2023, e ficou em 1.654 infecções, segundo um boletim epidemiológico divulgado pelo Ministério da Saúde em outubro deste ano. O boletim indica que o aumento foi de 25%em relação a 2022, quando foram confirmados 1.322 casos no estado.

Com esse resultado, a taxa de casos a cada 100 mil habitantes também cresceu, ficando em 182,4, acima do índice nacional, que foi de 113,8 casos por 100 mil habitantes.

“De todas as ISTs [infecções sexualmente transmissíveis] que a gente tem hoje, no Brasil e no mundo, como HIV, hepatites virais, clamídias, gonorreias, herpes, etc, de todas, com certeza, a sífilis é a que vem chamando mais atenção da gestão. O nosso papel enquanto Sesacre, enquanto gestão estadual, nós estamos realmente fazendo um trabalho de divulgar dados. A gente está analisando as informações para poder alertar tanto a gestão estadual quanto, principalmente, as gestões municipais”, ressaltou o coordenador do Núcleo Estadual de ISTs, Jozadaque Beserra, da Secretaria de Estado de Saúde (Sesacre).

A sífilis é uma infecção bacteriana que pode ser transmitida por relação sexual sem camisinha com uma pessoa infectada ou para a criança durante a gestação ou parto. Ainda segundo o estudo do MS, elaborado com base em dados acessados em agosto desse ano, já foram confirmados 140 casos da doença no Acre em 2024.

A bactéria que provoca a sífilis (Treponema pallidum) aparece nos exames a partir da segunda, terceira semana da contaminação. Esse teste pode ser feito na rede pública, é rápido e de graça. A doença tem cura, mas pode voltar, e pode causar sequelas em bebês nos casos congênitos.

Sífilis é a IST que mais tem chamado a atenção do poder público por conta de crescimento, diz coordenador do Núcleo Estadual de ISTs. Foto: Neto Lucena/Secom

É possível fazer um teste rápido para detecção da sífilis e demais ISTs nos postos de saúde. Em caso de resultado positivo, o paciente já recebe uma primeira dose do tratamento, e é encaminhado para um novo exame, conhecido como VDRL.

“Agora, o que a população precisa entender, que é aí que eu vejo a confusão. As pessoas, elas acham que se fez o tratamento uma vez, já é para a vida toda. Não é. É só para aquele caso. Se você fez um exame, deu sífilis, fez o tratamento, para aquele caso, fechou. Se você tiver um novo contato com o vírus, uma nova infecção, aí vai ser novamente um outro caso. Aí tem que tratar novamente. Então, por isso que a gente fala que o ideal mesmo é evitar qualquer tipo de IST, uso de preservativo e, se puder, combinar com a PrEP [Profilaxia Pré-Exposição], melhor ainda”, explica Beserra.

Gestantes e casos congênitos

Entre as gestantes, o índice teve o terceiro ano seguido de redução em 2023, e ficou em 546 infecções. Conforme o estudo, o número caiu 14,5%, saindo de 639 casos em 2022. Na comparação com 2021, quando foram 705 casos, a queda foi ainda maior: 22,5%.

Apesar da queda, os números ainda preocupam as autoridades locais, visto que os números quase quintuplicaram em 11 anos. O boletim do Ministério da Saúde registra 110 casos entre gestantes no Acre em 2013.

Os casos de sífilis na gestação podem desencadear a infecção congênita. Em 2023, foram detectados 82 casos entre crianças com menos de 1 ano, o que representa uma queda de 14,5% na comparação com 2022, quando foram 96 casos. Também houve redução nos óbitos, que caíram de 5 casos em 2022, para 3 no ano passado.

Beserra destaca que o problema pode ser amenizado pelo acompanhamento pré-natal, tanto por mulheres quanto por homens. O coordenador explica que, por mais que a mulher faça exames, é preciso que ambos os parceiros se cuidem para prevenir novas infecções.

“Mesmo a mulher fazendo o pré-natal, fazendo os exames certinhos, o que é que a gente tem identificado? Ela está se reinfectando no final da gestação, porque o parceiro não tratou lá atrás. A gente está com o pré-natal do homem, o Ministério da Saúde vem resgatando isso, mas é importante que o marido daquela mulher que está grávida, o companheiro, o acompanhante, enfim, o parceiro, entenda que se ela tem sífilis e fez o tratamento, ele também precisa fazer o exame e se tiver sífilis também fazer o tratamento, porque se ela ficar com ele novamente, e é o que tem acontecido, mesmo no final da gestação, ela vai se reinfectar e aí nesse caso a criança já vai nascer com sífilis, nesse caso a criança não teve nem escolha, já nasce ucom sífilis”, frisa.

Dezembro Vermelho

Campanha Dezembro Vermelho conta com ações de conscientização sobre ISTs. Foto: Ana Luiza Pedroza/OCA

A campanha Dezembro Vermelho ocorre em todo o país, e chama atenção para prevenção contra o vírus HIV, causador da Aids, e demais ISTs. De acordo com o coordenador, no Acre, a campanha conta com ações de entrega de kits com preservativos, gel lubrificante e panfletos educacionais.

Com a mobilização, a Saúde espera chamar a atenção para medidas que podem ajudar a conter o avanço dos casos e mantê-los sob controle. Além de conhecer, segundo Beserra, é preciso que a população faça uso de métodos como a camisinha e PrEP.

“E a intenção é justamente essa, alertar a população: ‘olha, as ISTs estão aí, o HIV está aí, a sífilis tem aumentado’. E a gente precisa entender que esses agravos são um problema de saúde pública. Quando a gente fala que é um problema de saúde pública, ou seja, todos nós, pessoas, gestão, comunidade, todos nós somos co-responsáveis nesse processo de eliminação. A gente consegue eliminar, se a gente quiser, mas juntos precisamos dar as mãos e juntos precisamos realmente usar todos os meios preventivos. É um pacto que o Ministério da Saúde, que o país tem com a ONU, é que até 2030 que a gente consiga erradicar e eliminar algum desses agravos”, acrescenta.

 

 

POR JURUA ONLINE

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