O relator do Orçamento de 2025, senador Angelo Coronel (PSD-BA), afirmou ao Metrópoles que o pacote de corte de gastos públicos apresentado pelo governo federal na semana passada veio casado com o que ele chamou de “uma sanha arrecadadora”.
A economia com o pacote é prevista em R$ 70 bilhões em dois anos, divididos entre 2025 e 2026, chegando à contenção de gastos de R$ 327 bilhões até 2030. Os textos serão analisados pela Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal.
Entre as medidas, estão a limitação para o crescimento do salário mínimo, com mudança na regra de correção; a restrição para o abono salarial; um pente-fino no Benefício de Prestação Continuada (BPC) e no Bolsa Família; mudanças em regras e idade mínima de militares; e a redução nas contratações de novos servidores.
“Sempre quando vem um pacote, vem casado com a sanha arrecadadora do governo. O governo não pode pensar se não conseguiu atingir a meta que eles querem. Querer sacrificar o empresariado brasileiro. Eu sempre digo para ter o empregado precisa ter o emprego, o empregador está empregado, empregador tem que andar em harmonia, porque um depende do outro”, disse o senador.
Coronel defendeu uma “dosimetria” no Brasil para que o empresariado brasileiro não seja o maior impactado.
Ele ainda defendeu que a equipe econômica tenha celeridade nas suas novas receitas e citou o exemplo da regulamentação das apostas esportivas, as bets.
Confira o trecho:
Reforma da renda
Sobre a ampliação da faixa de isenção do Imposto de Renda (IR), para contemplar trabalhadores que ganham até R$ 5 mil, o senador disse que essa discussão vai ficar para 2025. O anúncio dessa ampliação foi feito junto do anúncio do pacote de corte de gastos, no intuito de minimizar os impactos políticos.
“Essa questão da reforma da renda vai ficar para o ano que vem. E eu estou notando também que a própria tributária também deve ficar para o ano que vem”, afirmou.
Ele criticou a proposta do governo para compensar a renúncia fiscal decorrente da ampliação da isenção de IR. A proposta é a criação de um imposto mínimo de 10% para quem recebe lucros e dividendos superiores a R$ 50 mil.
Para o senador, a tributação de lucros e dividendos seria uma espécie de bitributação, quanto o tributo é cobrado duas vezes. “Com isso, o Brasil talvez vai ser um dos poucos países do mundo onde vai se tributar lucros e dividendos”, criticou.
E concluiu: “O país só cresce se você tiver economia, onde o empregado, o empregador estejam felizes e o cobrador de imposto, que é o governo, não tem uma sanha arrecadatória muito voraz”.
Confira a entrevista completa: