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Cruzeiro do Sul recebe campanha inédita de diagnóstico e tratamento da doença de Jorge Lobo

Pesquisadores e profissionais da saúde realizam busca ativa e atendimentos especializados

Pela primeira vez, Cruzeiro do Sul recebe uma campanha de busca ativa para diagnóstico e tratamento da doença de Jorge Lobo, uma enfermidade rara causada por um fungo, que afeta principalmente pessoas que moram ou já moraram na floresta. A ação faz parte de um projeto do PROAD-SUS, coordenado pelo Hospital Albert Einstein e apoiado pelo Ministério da Saúde, que busca compreender melhor a doença e testar um tratamento mais eficaz.

Franciele Gonçalves ( fisioterapeuta, pesquisadora da UFAC, trabalhando no projeto); Foto: Clebson Santos- Deu Notícia

Segundo a pesquisadora e fisioterapeuta Franciele Gonçalves, da Universidade Federal do Acre (UFAC), o Acre concentra cerca de 70% dos casos da doença no Brasil, o que torna a iniciativa ainda mais necessária. “Esse projeto está acontecendo em três estados: Acre, Rondônia e Amazonas. Mas nosso estado tem os maiores registros da doença, tanto no Brasil quanto no mundo”, destacou.

Sintomas e formas de contágio

A doença de Jorge Lobo se manifesta por meio de nódulos na pele, semelhantes a queloides, que aparecem principalmente nas orelhas, braços e pernas. Um dos sintomas mais característicos é a coceira intensa nas lesões.

“O fungo entra no corpo através da pele e tem um período de incubação. Depois, começam a surgir os nódulos, que podem se espalhar para outras partes do corpo. Acredita-se que a contaminação ocorra pelo contato com a água, o solo ou as plantas da floresta”, explicou Franciele.

Atualmente, não existe um tratamento padrão ou cura definitiva para a doença, e o objetivo do estudo é testar a eficácia de um novo protocolo, que pode se tornar referência nacional.

Atendimento e acompanhamento dos pacientes

A campanha percorreu os municípios de Porto Walter e Marechal Thaumaturgo antes de chegar a Cruzeiro do Sul. No município, os atendimentos estão sendo realizados no Hospital Dermatológico, onde os pacientes passam por exames e, se necessário, já iniciam o tratamento.

“Estaremos aqui o dia todo, até as 15h, realizando consultas e biópsias, que serão enviadas para análise em São Paulo. Depois disso, retornaremos a Cruzeiro do Sul a cada três meses para reavaliar os pacientes e incluir novos casos na pesquisa”, detalhou Franciele.

Para aqueles que apresentarem sintomas após a campanha, a orientação é procurar diretamente o Hospital Dermatológico, onde uma equipe local estará disponível para dar continuidade aos atendimentos.

Importância da campanha e próximos passos

A doença de Jorge Lobo ainda não é de notificação compulsória, ou seja, não há um registro oficial do número de casos no país. A expectativa é que, com os resultados da pesquisa, o Ministério da Saúde possa incluir a enfermidade na lista de doenças de notificação obrigatória, como ocorre com a dengue e a malária.

“Se o tratamento for eficaz, o próximo passo será torná-lo um protocolo oficial. Isso permitirá que os pacientes recebam atendimento adequado e que cirurgias de reparação das lesões sejam realizadas com mais frequência”, ressaltou Franciele.

A campanha segue como um marco no combate à doença e na busca por uma solução definitiva para os pacientes acometidos. Quem apresentar sintomas pode procurar o Hospital Dermatológico de Cruzeiro do Sul para avaliação e possível inclusão no estudo.

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