Com o nível do Rio Juruá baixando gradativamente, a cena se repete em diversos pontos da cidade: moradores de diferentes bairros seguem até a beira do rio em busca de um dos costumes mais antigos da região – a pesca. No Porto do Abraão, um dos locais mais movimentados, pescadores passam horas lançando suas tarrafas na esperança de capturar peixes como mocinhas e cascudas, espécies bastante apreciadas na culinária local.
O Rio Como Fonte de Alimento e Lazer
A pesca é mais do que um passatempo para essas pessoas – para muitos, é uma necessidade. “A gente vem todo dia, porque sempre dá pra levar um peixinho pra casa”, conta João Ferreira, morador do bairro Cruzeirão, que desde pequeno aprendeu com o pai a arte de lançar a tarrafa.
Ao lado dele, dona Maria das Graças, aposentada e moradora do bairro Aeroporto Velho, relata que a pesca é também uma forma de aliviar a rotina. “Eu venho mais por distração. Fico aqui, jogo a tarrafa, converso com os amigos e, se pegar peixe, melhor ainda”, diz, sorrindo.
O Movimento Nas Margens do Juruá
Com a vazante do rio, o acesso às áreas de pesca melhora, e o número de pescadores aumenta. Alguns chegam logo cedo e só retornam para casa no final do dia, esperando que a sorte e a experiência rendam boas capturas. “Quando o rio está mais baixo, é mais fácil pescar cascuda. Já a mocinha depende do movimento da água”, explica Francisco Lima, que há décadas pratica a pesca artesanal.
A cena no Porto do Abraão reflete o cotidiano de muitas famílias da região, onde o Rio Juruá não é apenas uma paisagem, mas uma fonte de sustento, tradição e cultura. Enquanto as tarrafas continuam cortando as águas e os moradores compartilham histórias às margens do rio, a pesca segue sendo um elo entre o passado e o presente em Cruzeiro do Sul.
