Denúncias contra mulheres foram de 750 mil e especialistas alertam que identificar e denunciar é o primeiro passo
A violência psicológica foi o tipo mais recorrente entre as denúncias registradas pelo “Ligue 180” em 2024, segundo dados divulgados pelo Ministério das Mulheres.
Ao longo do ano, foram contabilizados 750,7 mil atendimentos, incluindo denúncias, pedidos de ajuda e esclarecimentos via telefone e WhatsApp.
Isso significa que, em média, 2.051 mulheres buscaram auxílio diariamente, evidenciando a gravidade e a frequência desse tipo de agressão.
Caracterizada por ameaças, humilhações, chantagens, manipulações e outras formas de coerção emocional, a violência psicológica é uma realidade silenciosa que pode causar danos profundos à saúde mental e à autoestima das vítimas.
Muitas mulheres sofrem sem perceber que estão sendo violentadas ou têm medo de denunciar, seja por vergonha, dependência emocional ou receio de retaliações. No entanto, o silêncio perpetua o ciclo de violência, tornando essencial que as vítimas procurem ajuda e relatem os casos às autoridades.
A denúncia é um passo fundamental para interromper a violência e garantir a proteção das mulheres. Canais como o Ligue 180 existem justamente para acolher e orientar as vítimas, oferecendo apoio e informações sobre como buscar segurança e justiça.
Romper o silêncio não é apenas um ato de coragem individual, mas uma forma de fortalecer a luta contra a violência de gênero, promovendo conscientização e mudanças sociais necessárias para um futuro mais seguro e igualitário para todas.
Ajuda profissional
Atualmente, existem inúmeras páginas nas redes sociais que ajudam mulheres a identificar o crime e fugir desse cenário de violência contínua o quanto antes.
O tema é um dos principais assuntos no perfil do Instagram das advogadas Marina Jonsson, 30, e Mariá Salgado, 34. Com quase 20 mil seguidores, as duas descortinam o tema tão presente, mas também tão invalidado principalmente por quem está no poder.
A dupla, que mora em Curitiba e atende em todo Brasil, é especializada em direito das mulheres e enxergou a necessidade de desbravar nessa área diante do judiciário.
Para elas, não há outra maneira de acabar com a violência psicológica que falando sobre dela incansavelmente, até que de fato o agressor entenda que o comportamento criminoso pode leva-lo a cadeia.

A dupla é especializada em direito das mulheres e enxergou a necessidade de desbravar nessa área diante do judiciário.
A implicação da medida protetiva nesse caso é uma ferramenta que pode evitar muitas mulheres a não entrar no ciclo de violência física, sendo ela uma forma didática para mostrar aos homens que eles estão diante de uma geração que não vão mais aceitar xingamentos e ameaças.
Tão antiga, mas tão presente na atualidade, a violência psicológica sempre foi a primeira e principal arma do agressor. É dessa maneira que ele detecta se consegue permanecer na relação. Na maioria das vezes, a violência psicológica é camuflada e aquilo que parece cuidado exagerado já está dentro do crime.
Crime previsto na Lei Maria da Penha
A violência psicológica é uma das formas de violência prevista na Lei Maria da Penha, entendida como qualquer conduta que cause danos emocionais a vítima, ou seja, muitas coisas podem se enquadrar no crime, e vai depender muito do boletim de ocorrência, da Polícia Civil e posteriormente dos olhos do judiciário e Ministério Público.
Fazer uma denúncia não é fácil, o caminho é longo, mas o importante é começar a enxergar o crime dentro da relação para que o ciclo dessa violência cesse.
Por: Acritica