Moradores enfrentam dias de frustração e prejuízo sem poder pagar contas ou sacar benefícios; filas e incertezas se acumulam nas portas fechadas dos estabelecimentos
A cena tem se repetido nos últimos dias em frente às duas casas lotéricas de Cruzeiro do Sul: portas fechadas, cartazes improvisados com avisos de “Fechado”, olhares frustrados e muitos desabafos de quem depende desses serviços essenciais para manter as contas em dia e garantir o sustento da família. Desde quarta-feira (17), as duas unidades — únicas da cidade — estão sem atendimento, e a população sente os reflexos imediatos no bolso e na rotina.
Maria Brito, moradora do bairro Cruzeirinho, foi uma das dezenas de pessoas que, na manhã desta quinta-feira (24) , voltou para casa de mãos vazias e com a conta de luz ainda vencida.

“É muito difícil para a população, principalmente para quem precisa pagar conta e para as pessoas que recebem o Bolsa Família. Onde é que a gente vai receber esse dinheiro? A gente precisa tanto do dinheiro quanto de pagar nossas contas”, lamentou Maria.
Sem alternativas e com medo dos juros
Segundo os relatos, os transtornos começaram ainda na semana passada. “Cheguei aqui na quinta-feira, mas ouvi dizer que desde quarta já não tinha atendimento. E as pessoas precisando honrar os seus compromissos… Não tem como, porque ninguém consegue sacar dinheiro, e para pagar as contas, só com juros”, contou a moradora.
O problema ganha proporções ainda maiores quando se considera que Cruzeiro do Sul, com mais de 80 mil habitantes, já contava com uma quantidade limitada de agências lotéricas — e agora se vê, literalmente, sem nenhuma.
“Já tinha poucas, né? Ainda fecharam. Agora entrou em colapso total. E a população é quem perde”, concluiu Maria, visivelmente abalada com a situação.
Prejuízos coletivos e silêncio sobre solução
Além dos pagamentos de contas e saques de benefícios sociais, as lotéricas também concentram serviços como jogos, recebimentos de boletos, depósitos e atendimentos vinculados à Caixa Econômica Federal — tudo suspenso, sem previsão de normalização.
Até o momento, não houve comunicado oficial por parte da Caixa ou dos administradores das unidades sobre os motivos do fechamento nem prazos para o retorno das atividades. Enquanto isso, a incerteza cresce junto com as filas nos caixas eletrônicos e nos poucos correspondentes bancários ainda em funcionamento.
A ausência de um plano emergencial para suprir a demanda só aumenta o desconforto da população, que segue buscando alternativas improvisadas — muitas vezes com custos adicionais e longas esperas.
A equipe de reportagem segue acompanhando o caso e aguarda posicionamento oficial dos responsáveis pelas lotéricas ou da Caixa Econômica Federal sobre a interrupção dos serviços.