Casos envolveram uma mulher com tumor na mão e um homem que caiu de um açaizeiro; chuvas e condições de acesso dificultam os resgates
Mesmo sob chuva e enfrentando ramais encharcados de lama, o Corpo de Bombeiros de Cruzeiro do Sul cumpriu mais um fim de semana de salvamentos delicados em regiões de difícil acesso. Com quadriciclos e redes improvisadas, os militares percorreram dezenas de quilômetros em trilhas escorregadias para garantir socorro a vítimas que, de outra forma, estariam sem atendimento.
A subcomandante do 4º Batalhão do Corpo de Bombeiros, capitã Daniela Marques, relatou que as duas principais ocorrências aconteceram entre sábado (3) e domingo (4), ambas em áreas rurais inacessíveis para ambulâncias comuns.

“No primeiro caso, uma mulher estava com fortes dores devido a um tumor na mão. O local onde ela estava era isolado, em um ramal muito ruim. A ambulância do SAMU não conseguia chegar. Então, fomos acionados e deslocamos com o quadriciclo para resgatar a paciente e levá-la ao hospital”, contou a capitã.
O trajeto, de aproximadamente 10 quilômetros em terreno difícil, exigiu esforço redobrado da equipe. A paciente, mesmo debilitada, expressou alívio ao ver os socorristas chegando. Segundo os bombeiros, ela foi conduzida em segurança e já recebe atendimento médico.
No domingo, o chamado foi ainda mais urgente: um homem havia caído de um açaizeiro, numa área isolada do município. A dor intensa e a possibilidade de fraturas mobilizaram a comunidade, que começou a levá-lo a pé em uma rede antes mesmo da chegada do resgate.
“O resgate foi desafiador. Percorremos duas horas de quadriciclo por um ramal complicado, mas houve um desencontro: os moradores encontraram um caminho alternativo, mais curto, e seguiram direto para o hospital”, explicou Daniela. “Mesmo assim, fomos até onde ele estava inicialmente para avaliar as condições e garantir que o atendimento fosse completo.”
Esses tipos de ocorrências têm se tornado frequentes durante o inverno amazônico, período em que as chuvas tornam os ramais praticamente intransitáveis. Gestantes em trabalho de parto, idosos doentes, pessoas com ferimentos graves — todos podem depender da ação dos bombeiros em trajetos onde nem mesmo veículos com tração chegam com facilidade.
“A demanda tem aumentado, e nós estamos preparados para atender. Temos usado quadriciclos, caminhonetes e muita força de vontade. Nosso objetivo é salvar vidas, independentemente do desafio”, destacou a subcomandante.
A capitã reforça que o apoio da população tem sido essencial. “Quando a comunidade age rápido, como no caso do senhor que caiu do açaizeiro, isso ajuda muito. Mas é importante sempre acionar os órgãos competentes o quanto antes. Estamos à disposição para atender esses chamados.”
O trabalho do Corpo de Bombeiros em áreas rurais evidencia não apenas a dedicação da corporação, mas também a realidade enfrentada por centenas de famílias que vivem nos ramais do Acre — onde o tempo de resposta pode significar a diferença entre a vida e a morte.