Cerca de 100 amazonenses e colombianos foram saqueados e mantidos em cativeiro por quatro dias; vítimas relatam o medo e a brutalidade do ataque
Cerca de 100 pessoas, entre amazonenses e colombianos viveram momentos de terror durante quatro dias no Rio Puré, na divisa entre a Colômbia e o município de Japurá, nas mãos de guerrilheiros, que saquearam e fizeram reféns em uma área de garimpo, onde as vítimas trabalham vendendo comidas, roupas e de combustíveis, além da extração ilegal de ouro.
Uma das vítimas, um amazonense, de 37 anos, que pediu para não ter o nome divulgado por medo de represálias, relatou que os guerrilheiros chegaram ao local com fardas de militares e armas de grosso calibre em punho.
“Eles nos colocaram nas dragas e bajaras (embarcações grandes, que transportam óleo diesel). Roubaram os ouros dos garimpeiros, combustíveis e produtos dos bandeirinhas (vendedores) da região. Só nos soltaram, quando saquearam tudo do local”, relatou a vítima.
O local do crime, conforme a vítima, fica no Rio Puré, que é uma conhecida área de garimpo, próximo ao Igarapé Preto e perto de uma pedreira. Segundo ele, no local estavam amazonenses de Tabatinga, Tefé, Japurá e dentre outros municípios, que ficaram nas mãos dos criminosos de domingo (27) até a última quarta-feira (30).
“Por um momento, eu pensava que iria morrer, mas ainda bem que ninguém ficou ferido. Perdemos bens materiais, mas a nossa a vida é mais importante”, disse.
Sonho
A vítima dos guerrilheiros colombianos destaca, que diversos amazonenses saem todos os dias de Japurá (a 737 quilômetros de Manaus) e de outros municípios com um sonho de conseguir mais dinheiro para melhorar de vida, mas entende, que área de garimpo é muito perigosa.
“Queremos comprar uma casa, dar o melhor para os nossos filhos e familiares. Nunca tinha vivido tal situação, mas trabalhar em garimpo é desse jeito, onde estamos sujeitos a todo tipo de situação”, contou.
Ações
No ano passado, as Forças Militares da Colômbia conseguiram desarticular as atividades criminosas da facção Segunda Marquetalia, um grupo dissidente das Forças Armadas Revolucionárias (Farcs) da Colômbia. A organização criminosa tem se dedicado a realizar à mineração ilegal e narcotráfico no Parque Nacional Rio Puré, localidade onde ocorreu o caso contra os amazonenses e colombianos.
De acordo com informações do Comando Geral das Forças Militares da Colômbia (CGFM), 44 dragas de garimpos foram destruídas na área durante as ações no ano passado.
Por: Acritica