Movimento liderado pela professora Sibeli Clemente reúne estudantes, professores e entidades para exaltar as contribuições do povo negro à sociedade
“Por uma educação antirracista”
Na manhã desta terça-feira (13), a Escola da Floresta, em Cruzeiro do Sul, foi palco da culminância do projeto Literafro – A Literatura Afro-Brasileira. O evento é resultado de meses de trabalho liderado pela professora Sibeli Clemente, proponente e coordenadora da iniciativa. A proposta busca valorizar a produção literária feita por autores negros e provocar uma reflexão profunda sobre o papel histórico do povo negro na formação do Brasil.

“O objetivo principal do projeto é, por meio da literatura afro-brasileira, desmistificar conceitos e combater o racismo que ainda atinge a população negra até os dias de hoje”, destacou a professora Sibeli. A docente revelou que a ideia surgiu de sua própria jornada de autoconhecimento e aceitação como mulher preta: “Eu não me aceitava, não gostava da minha cor. Mas fui estudando, entendendo, e isso mudou minha mentalidade. É esse processo que quero provocar nos alunos”.
Oficinas, concursos e cordel: a culminância do conhecimento
Durante os últimos meses, o Literafro percorreu escolas da região, promovendo oficinas literárias, rodas de conversa e produções artísticas com enfoque afro-brasileiro. A culminância desta terça foi marcada por apresentações culturais, debates e pelo lançamento do cordel “Um Cordel para o Povo Negro”, produzido coletivamente pelos alunos.
Outro destaque foi a premiação do concurso de redação afro, com o tema “As contribuições do povo negro para a sociedade brasileira”. Os textos foram avaliados por uma comissão independente, e os envelopes com os nomes dos vencedores foram abertos durante o evento. Os prêmios variaram entre R$ 1.000 e R$ 200, além de troféus e certificados.
Parcerias e reconhecimento
O Literafro é um projeto financiado pela Política Nacional Aldir Blanc, por meio do Governo do Estado do Acre e da Fundação Elias Mansour. A professora Sibeli destacou a importância das parcerias para a realização da proposta: “Sozinhos não conseguimos nada. Contamos com várias entidades para dar vida a esse projeto. E sem o financiamento público, nada disso seria possível”.
Um espaço de troca e transformação
A culminância do Literafro reuniu cerca de 50 pessoas entre alunos, professores e membros da comunidade. Para Sibeli, o número é simbólico, mas representa um movimento que tende a crescer. “Cada vez que um jovem aprende a valorizar suas raízes, nós plantamos uma semente de mudança. Esse projeto não é apenas sobre literatura, é sobre identidade, pertencimento e justiça social”, finalizou.