Brasil entra em campo hoje pela primeira vez sob o comando de Carlo Ancelotti contra o Equador às 20h
Os últimos meses pareceram anos nas dependências da sede da Confederação Brasileira de Futebol (CBF): Queda do técnico do ex-técnico Seleção Brasileira, Dorival Júnior, as denúncias contra a gestão Ednaldo Rodrigues que culminou na saída do então presidente, a rachadura política com mais um processo eleitoral polêmico e pouco transparente que ascendeu Samir Xaud ao poder e a chegada de Carlo Ancelotti ao comando do Brasil. Não foram poucos capítulos da densa história que tem acontecido nos bastidores do futebol brasileiro, mas hoje talvez seja o começo de uma nova “era”, a “era Ancelotti”.
O Brasil entra em campo às 20h no estádio Monumental, em Guaiaquil, no Equador, onde encara os donos da casa por mais uma rodada das Eliminatórias. O jogo, caso não estivesse abastecido do denso contexto, seria mais um na lista de partidas “descartáveis” daquela Seleção que um dia parava o país para assisti-la. Hoje, com ingrediente Ancelotti, talvez seja o começo da retomada da conexão “Brasil-povo”.
Semelhanças com a “era Tite”
O adversário é o mesmo do começo da última “era” que tivemos na Seleção, a “era Tite”. O técnico gaúcho chegou à Seleção em 2016 em um momento semelhante ao vivido hoje. CBF em crise política (gestão Marco Polo Del Nero), Seleção Brasileira vivendo um cenário de “terra arrasada” (segunda passagem ruim de Dunga pós-7×1) e um técnico com currículo vencedor que chegava para retomar a confiança. Na época, o Brasil foi à campo contra o Equador na cidade de Quito, com quase 3 mil metros de altitude e deu um show.
3 a 0, com dois gols do então estreante Gabriel Jesus e Neymar finalizando a goleada. A partida marcou a quebra de um tabu de 33 anos que o Brasil não vencia os rivais fora de casa. Ancelotti talvez tenha uma tarefa “menos difícil” pela frente, uma vez que não terá a altitude como adversária no confronto, mas, por outro lado, a falta de confiança dos jogadores brasileiros e a pressão nunca estiveram tão alta.
Desafios de Ancelotti
A missão de Ancelotti, no entanto, pode ser considerada mais difícil do que a de Tite. Recém-chegado no país, o italiano ainda tenta se adaptar a cultura e aprender a língua. Relatos internos, no entanto, confirmam que o treinador está ávido a se acostumar o mais rápido impossível, chegando a até mesmo testar seu português durante os treinamentos da Seleção Brasileira.
Dentro de campo o desafio também é grande. A gestão Ednaldo Rodrigues deixou um legado de “bagunça tática”. Três treinadores diferentes com estilos completamente incompatíveis entre si comandaram a Seleção nos últimos anos: Ramon Menezes; Fernando Diniz e Dorival Júnior. Todos os três fracassaram no objetivo de fazer a Seleção ser sólida do ponto de vista ofensivo e segura na defesa.
Carlo Ancelotti terá de montar um esquema tático praticamente do zero, tudo isso em sua primeira experiência fora da Europa e treinando Seleções. No entanto, se há uma coisa ao qual o italiano tem como marca em sua carreira é rapidez em adaptação.
Campeão inglês, francês, alemão, espanhol e italiano, além de cinco títulos de Liga dos Campeões por dois clubes diferentes, Ancelotti possui em seu repertório equipes que eram extremamente ofensivas, caso do Chelsea em 2009/2010, na época o time com mais gols da história da Premier League, e defensivas, caso de seus trabalhos em clubes italianos.
A tendência inicial, levando em consideração a característica dos jogadores brasileiro, é que Ancelotti monte um esquema ofensivo, mas sem deixar brechas na defesa. Ainda assim só saberemos como o Brasil irá jogar quando entrar em campo.
Por: Portal Leo Dias