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Ministério rebate críticas e diz que ação na Resex Chico Mendes cumpre decisão judicial

Após a repercussão da retirada de gado de áreas embargadas na Reserva Extrativista Chico Mendes, no Acre, o governo federal se pronunciou, neste sábado (14), para esclarecer os motivos da operação que tem gerado tensão e polarização no estado. O Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) afirma que a ação não é arbitrária, tampouco dirigida contra comunidades tradicionais, mas cumpre determinações judiciais e busca conter práticas ilegais que ameaçam a floresta e os direitos das populações extrativistas.

Segundo o MMA, os criadores afetados já vinham sendo processados desde 2016, e esgotaram todos os recursos judiciais possíveis. Mesmo após diversas notificações, inclusive uma nova rodada iniciada em dezembro de 2024, os animais continuaram em áreas protegidas, o que levou à deflagração da Operação Suçuarana, no dia 5 de junho.

A explicação veio após uma onda de comoção nas redes, impulsionada por vídeos de fazendeiros chorando, pedindo a devolução do gado e denunciando suposta perseguição a moradores locais. Esses conteúdos, segundo o ministério, “distorcem o caráter da operação” e desconsideram que a criação de gado em larga escala dentro da reserva é ilegal e viola as regras que regem as unidades de conservação.

“Circulam nas redes sociais conteúdos enganosos que tentam distorcer o caráter da operação, sugerindo de forma equivocada uma suposta perseguição a populações vulneráveis ou tradicionais. Tais alegações não condizem com a realidade dos fatos e desconsideram o foco legítimo da ação, que é o enfrentamento a práticas ilegais que colocam em risco a integridade ambiental da reserva e os direitos das comunidades que dela dependem”, diz trecho da nota.

O governo também reforça que as ações são voltadas a grileiros e criadores irregulares, e não às comunidades extrativistas legalmente reconhecidas, que continuam vivendo da floresta de forma sustentável, conforme previsto no plano de manejo da unidade.

Além de atuar contra o avanço da pecuária ilegal, o objetivo é garantir a preservação de uma reserva onde 91% da cobertura florestal ainda está intacta. Estudos recentes mostram que a RESEX Chico Mendes tem papel fundamental para a segurança hídrica da região, especialmente frente às mudanças climáticas e secas prolongadas.

Nos últimos anos, a pressão sobre a reserva aumentou. Entre 2019 e 2022, o desmatamento cresceu significativamente. Em 2023, os índices caíram, mas novos focos de incêndio e a manutenção da pecuária irregular mantiveram a área sob ameaça.

O Ministério do Meio Ambiente também informou que a presença da Força Nacional e de outras instituições de segurança busca proteger não apenas os servidores públicos envolvidos na operação, mas também lideranças locais ameaçadas, como Raimundo Mendes de Barros, o Raimundão, primo de Chico Mendes e defensor histórico da RESEX. Raimundão tem sido alvo de intimidações após denunciar práticas ilegais na região.

A carne dos animais apreendidos está sendo destinada à merenda escolar da rede pública. Segundo as informações, desde abril, o ICMBio já vinha investigando casos de fraude na origem dos rebanhos por meio da chamada Operação Boi Fantasma. A apuração identificou indícios de “lavagem de gado”, prática usada para mascarar a criação ilegal de bovinos em áreas embargadas, dando aparência de legalidade à atividade.

“A Operação Suçuarana visa retirar cabeças de gado mantidas ilegalmente na unidade, promovendo a recuperação ambiental da área e garantindo a preservação dos recursos naturais para as populações que dependem do uso sustentável do território. O governo federal seguirá atuando de forma integrada para garantir o cumprimento da legislação ambiental, a defesa dos territórios extrativistas e o enfrentamento dos crimes ambientais que afetam unidades de conservação”, finaliza o texto.

 

Por: AC 24 horas

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