Quatro meses após o assassinato brutal do jovem João Vitor, a Polícia Civil do Acre, por meio do Núcleo de Investigação Criminal (NIC) em Cruzeiro do Sul, deu mais um passo importante para esclarecer o crime e levar os responsáveis à Justiça. Na manhã de ontem (terça-feira), sete pessoas foram presas preventivamente por envolvimento direto e indireto no homicídio, que chocou a população do Juruá.
De acordo com o delegado Everton Carvalho, responsável pelas investigações, as prisões são fruto de um trabalho investigativo contínuo, iniciado logo após o crime. “A partir das primeiras prisões, conseguimos apreender celulares que nos levaram a outros nomes. Com isso, conseguimos identificar pelo menos 17 pessoas envolvidas, entre executores, mandantes e cúmplices. Sete delas já foram presas. As demais estão foragidas, mas a polícia está no encalço”, afirmou.
“Julgamento” em videochamada e execução cruel
Segundo o delegado, João Vitor teria sido condenado por membros de uma organização criminosa conhecida na região como “Tropa do Ódio”, após um desentendimento ocorrido no centro da cidade. O estopim teria sido uma abordagem seguida de comentários feitos por João nas redes sociais, que geraram represália por parte do grupo.
“A vítima foi sequestrada, levada a uma espécie de julgamento por videochamada, e ali mesmo foi sentenciada à morte por integrantes da facção. A execução foi cometida com uso de arma branca, de forma extremamente violenta, seguida da ocultação do cadáver. Uma ação brutal, premeditada, com participação de várias pessoas”, detalhou Carvalho.
Operação complexa e desdobramentos
As investigações se dividem em fases. A primeira levou à prisão de três pessoas em flagrante. Uma mulher detida na época chegou a responder em liberdade, mas posteriormente foi presa novamente, desta vez por tráfico de drogas. Agora, com a nova etapa, já são dez pessoas presas por envolvimento no assassinato de João Vitor.
Durante as ações desta quinta, além das prisões, a polícia também apreendeu aparelhos celulares que passarão por perícia e podem trazer novos desdobramentos. “Esse material pode nos levar a mais nomes. Sabemos que há outros envolvidos que ainda não foram identificados como autores diretos ou indiretos, e essa investigação continua”, afirmou o delegado.
Todos os envolvidos são maiores de idade
Carvalho destacou que não há menores envolvidos no caso. “Todos os que participam dessa investigação são maiores de idade, e, até o momento, não identificamos participação de adolescentes.”
Entre os sete presos, está uma mulher, apontada como responsável por levar João Vitor até o local onde ele foi entregue ao grupo criminoso.
Arena do crime: mais que execução, um recado da facção
Para a Polícia Civil, o caso de João Vitor revela não apenas uma execução, mas um tipo de “julgamento paralelo” imposto por facções criminosas. A brutalidade do crime e o número de pessoas envolvidas chamaram a atenção pela frieza e organização.
“É uma investigação extremamente complexa, que envolve muitos personagens e muita articulação criminosa. Foram quatro meses de trabalho intenso. A gente entende que não se trata apenas de resolver um crime, mas de enfraquecer um grupo que vinha espalhando o medo em Cruzeiro do Sul”, afirmou o delegado.
A polícia ainda pretende ouvir pelo menos oito testemunhas, e novas prisões podem ocorrer nos próximos dias. A operação segue em andamento.