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Bittar diz que é impossível saber o que vai acontecer com Bolsonaro após STF torná-lo réu

No Acre, a pessoa mais próxima de Jair Bolsonaro (PL) é o senador Márcio Bittar (UNIÃO), que estava ao lado do ex-presidente no momento em que a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu, por unanimidade, torná-lo réu no processo (junto com outros sete aliados) que apura uma tentativa de golpe de Estado durante e depois das eleições de 2022.

O julgamento aconteceu na última quarta-feira (26). Bolsonaro assistiu à sessão no gabinete do filho, Flávio Bolsonaro, com a presença de Bittar e outros políticos.

Questionado pela reportagem do ContilNet sobre como foi receber a notícia, Bittar informou que já era esperado o resultado do julgamento — inclusive pelo próprio presidente.

“Já era tudo previsto, era carta marcada, não tinha nenhuma hipótese, ninguém imaginava que a Quinta Turma, que tem desafetos políticos com Bolsonaro, com declarações públicas à exaustão, fosse no dia de hoje mudar de opinião. Não passava na cabeça de ninguém que não seria atendida a denúncia da PGR, portanto, ninguém imaginaria que ele não seria transformado hoje em réu. Não surpreendeu ninguém, nem ao Bolsonaro. Houve apenas uma divergência no conteúdo de Luiz Fux, que acenou concretamente com uma opinião e declarou, na sua própria opinião, que acha que a pena que as pessoas estão recebendo é uma coisa exagerada. Ele pediu vista no processo da cabeleireira, que provavelmente vai vir com uma, como eles chamam, dosimetria bem diferente e tal. Fez questão de dizer que estava apenas votando para aceitar abrir o processo, para poder se aprofundar. Uma vez que, se ele votasse contra, estaria, de certa maneira, em contradição com quem deseja se aprofundar na matéria. Para você se aprofundar, você tem que fazê-lo em réu. Se não o transformassem em réu, pronto, o processo morria hoje”, afirmou.

Bittar assistiu a sessão do STF junto com Bolsonaro/ Foto: Redes Sociais

Bittar disse ainda que ficou impressionado com a reação de Bolsonaro. Na sua opinião, o ex-presidente foi vítima de uma “perseguição canina”.

“Então, assim, não é surpresa para ninguém, todo mundo estava esperando isso, e o único voto que acenou para uma possível reinterpretação dos ministros, o que pode significar uma novidade no caminho de uma possível pacificação, foi a fala de Fux. Mas, tudo previsível, né? Se você me perguntasse o que mais me impressionou no dia de hoje, eu diria que é o Bolsonaro. Eu não sei de onde ele tira a força que tem. E olha que eu não me considero um covarde, ao contrário, me considero um homem de coragem, determinação, mas ele é impressionante, né? Eu nunca vi ninguém, e não conheço na história, alguém que tenha sofrido uma perseguição tão canina quanto ele, e ele consegue rir, brincar, manter o humor, manter a esperança, manter a paixão pelo Brasil, e tal. É impressionante. Eu estava lá na sala dele, né? Na sala dele não, na do Flávio”, acrescentou.

Ver Bolsonaro se tornando réu acendeu em Bittar o sentimento de injustiça, foi o que ele disse em entrevista. O senador relembrou sua história com o comunismo e afirmou que, à época, seu grupo fez algo parecido com o que foi praticado pelos manifestantes do 8 de janeiro, que invadiram o Congresso e o STF. Além disso, fez questão de destacar que a maior fake news inventada é a ideia de que o atentado se trata de um golpe de Estado.

“Só mantém ou aumenta o sentimento de uma grande injustiça. Hoje está tudo muito doente, o momento está muito doente, né? Porque, se você parar e conseguir esfriar qualquer ideia que tenha, analisar friamente, como Marx disse, como tantos outros cientistas dizem, usar um poder de abstração, como os monges fazem. Se você conseguir aplainar por cima, cara, a maior fake news que já inventaram no Brasil é dizer que houve uma tentativa de golpe de Estado, violenta, armada, no dia 8 de janeiro. Isso é uma piada. E insistem nisso, né? Criou-se uma narrativa, então estamos vivendo um momento, na minha opinião, de insanidade total”, salientou.

Bolsonaro participou apenas do primeiro dia de julgamento/Foto: Reprodução

“Eu acabava de falar aqui para dois filhos meus, que estão aqui comigo, que eu não esperava, em vida, assistir a um momento tão cruel como esse. Nosso time aqui lutou declaradamente para implantar o regime comunista no Brasil, isso está nos documentos do nosso grupo. Nós sequestramos pessoas, soltamos bombas em bancos que acabaram matando inocentes, fizemos justiciamento, matamos aqueles dentro do nosso grupo que, ao nosso entender, estavam traindo a causa. Enfim, pegamos em armas, fizemos guerrilha urbana, guerrilha rural, e todos fomos perdoados. E hoje, fazemos uma campanha para que as pessoas simples e humildes, que não pegaram uma arma de fogo, não possam ser perdoadas”, relembrou.

Bittar teceu críticas a Caetano Veloso — artista brasileiro perseguido durante a ditadura militar no Brasil — e disse que não consegue mais escutar suas músicas.

“Eu estou em vida vendo a crueldade que eu li em livros, que eu assisti em filmes, eu não esperava ver isso em vida e estou vendo. Eu não consigo escutar Caetano Veloso mais, porque não consigo mais dissociar o cara que eu escutava há 40, 50 anos atrás, que decorava as músicas dele, do cara que hoje vive de Lei Rouanet e com a plateia adestrada, gritando ‘sem anistia, sem anistia’, e ele se orgulhando com a mulher dele no camarim. Não consigo mais. De onde vem tanta crueldade? Ele é do grupo dos que sequestraram. Nós tivemos três presidentes da República beneficiados com a anistia de 79: Fernando Henrique Cardoso, Lula e Dilma”, afirmou.

Bolsonaro, generais: quem são os réus após julgamento do STF | Metrópoles

Julgamento de Bolsonaro e aliados durou dois dias/Foto: Reprodução

O senador eleito pelo Acre disse que é impossível prever o que vai acontecer com Bolsonaro, quando questionado sobre a possibilidade de o ex-presidente ser absolvido ou preso:

“É mais torcida. Então, tirando a parte de torcida, tirando convicções, aquilo que eu quero, que eu desejo, o que eu poderia te responder é que hoje o Brasil vive uma situação que é impossível prever o que vai acontecer. Não dá…”.

Ataque à Ministra Marina Silva

Durante a entrevista, Bittar também foi questionado sobre a fala do senador Plínio Valério, do PL do Amazonas, que falou sobre a possibilidade de enforcar a acreana e ministra do Meio Ambiente, Marina Silva.

“Plínio, coitado, gosto demais dele, é meu amigo e tal, mas deu um fora. Falou uma coisa que você fala no particular. Quem é que, no particular, não fala?! ‘Pô, eu queria matar aquela filha da puta, eu queria matar aquele viado’. Então, no particular, a gente fala essas coisas. Mas ele falou em público, e ele pode pegar um processo. Infeliz. Agora, isso não justifica quase que o linchamento que ele estava sofrendo no Senado. E principalmente de mulheres que não tiveram coragem, abertamente, de criticar o Lula, quando ele chama a mulher de ‘grelho duro’, quando ele fala da preta que está no palco. ‘Vamos tocar um tambor, que essa linda da cor que ela é pra tocar batuque’. Então, assim, você faz um linchamento, mas quando é do seu time, não existe”, finalizou.

Por: ContilNet

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