Cerimônia foi marcada por momentos de emoção, espiritualidade e consciência ambiental, com reflexões inspiradas na Campanha da Fraternidade 2025
Nas primeiras horas da manhã da Sexta-feira Santa, centenas de fiéis se reuniram em Cruzeiro do Sul para a tradicional Via Sacra pelas ruas da cidade, em um ato de fé que rememora o caminho percorrido por Jesus até o calvário. A caminhada teve início nas primeiras horas da manhã, simbolizando os momentos em que, segundo a narrativa bíblica, Cristo foi condenado pelo poder religioso e, mais tarde, pelo poder político, até ser crucificado por volta do meio-dia.
O bispo da Diocese de Cruzeiro do Sul, Dom Flávio Giovenale, conduziu a cerimônia e falou sobre o significado profundo do ato para os cristãos.
“A Via Sacra é feita no horário em que mais ou menos Jesus também fez a sua via sacra. Ele foi condenado nas primeiras estações ainda de madrugada, depois por volta das nove horas foi condenado pelo poder político. E então subiu ao Calvário, onde foi crucificado perto do meio-dia”, explicou o bispo, com voz serena, diante dos fiéis atentos.
Para Dom Flávio, o objetivo da Via Sacra é também uma reconexão espiritual com os passos de Jesus. “Queremos refazer os passos bíblicos para nos sintonizar com Ele, agradecer e nos abrir para a salvação. Aceitar Jesus em nossa vida é entender que essa é a maior demonstração de amor pela humanidade. Como Ele mesmo disse: ‘Não há maior amor do que dar a vida por seus amigos’. E Ele demonstrou isso na cruz.”
Mas a celebração da Paixão de Cristo não termina na dor do calvário. Como lembrou o bispo, a fé cristã se renova com a ressurreição. “Jesus não morreu definitivamente. Ele ressuscitou. E amanhã à noite teremos a Vigília Pascal, com a celebração da ressurreição de Jesus na madrugada do domingo.”
Consciência ambiental e espiritualidade caminhando juntas
Este ano, a Via Sacra ganhou um novo elemento: reflexões inspiradas no tema da Campanha da Fraternidade 2025, que trata da responsabilidade humana na preservação da natureza.
Dom Flávio destacou que a criação divina é uma herança, mas também uma missão. “Deus nos deu o mundo para cuidarmos dele. Lá no Gênesis está escrito: ‘Crescei, multiplicai e dominai a terra’. Mas não diz para estragá-la. A natureza é uma herança de Deus e das gerações passadas, e é também um empréstimo para as futuras gerações. Temos que usar a natureza, sim, para nossa alimentação e bem-estar, mas sem destruí-la.”
Segundo o bispo, o cuidado com o meio ambiente é mais que um dever ecológico — é um compromisso espiritual. “O tema da Campanha da Fraternidade é um chamado à conversão. Precisamos nos converter do pecado social de destruir a natureza. Esse tema foi trabalhado durante toda a Quaresma, mas continuará sendo aprofundado ao longo do ano.”
Fé e emoção marcam o percurso
Durante o percurso da Via Sacra, que passou por diversas ruas do centro de Cruzeiro do Sul, não faltaram expressões de fé, emoção e reflexão silenciosa. Muitos fiéis caminhavam descalços, em sinal de penitência. Outros levavam cruzes de madeira, representando as dores pessoais que entregam a Deus.
Rodrigo de Queiroz, que participou do ato religioso, falou sobre a importância do momento.
“Para nós, como católicos, esse é um marco fundamental da fé. Hoje, retratamos a paixão de Cristo, o sofrimento que Ele passou, e também a esperança da ressurreição. Isso é a base da nossa fé cristã. Relembrar esse sacrifício nos fortalece.”
Em tom emocionado, Rodrigo destacou o significado pessoal da cerimônia. “É um momento de dor e de gratidão. Ele morreu por nós, pelos nossos pecados. A ressurreição é a vitória da vida sobre a morte. Isso renova nossa esperança.”
A programação da Semana Santa segue em Cruzeiro do Sul com a Vigília Pascal na noite de sábado e a Missa de Páscoa no domingo, celebrando a ressurreição de Cristo — símbolo maior da fé cristã.
