Gladson Cameli será anunciado como presidente regional do novo mega partido
A fusão entre o União Brasil e o PP, que será anunciada na manhã desta terça-feira, se tornará um mega partido com a maior bancada de deputados na Câmara e que já tem até nome – União Progressista – é algo sacramentado, disseram, conjuntamente, os dois principais dirigentes da nova sigla, o advogado Antônio Rueda, pelo UB, e o senador Ciro Nogueira, senador pelo Piauí e dirigente do PP. Os dois serão presidentes em forma de rodízio e só a partir desta experiência é que a nova sigla terá um novo presidente, cujo mais cotado é o ex-presidente da Câmara, Arthur Lira, deputado pelo PP de Alagoas.

Rueda e Nogueira: presidentes do União e do PP farão rodízio no comando da federação e terão poder de veto/Foto: Reprodução Redes Sociais
De acordo com os dirigentes, nos estados também não haverá alteração, onde o PP detém o governo e dirige o partido; o comando continuará com a sigla. No caso do Acre, o dirigente do União Progressista do Acre será o governador Gladson Cameli, que é, até hoje, o presidente regional do PP. Nos estados onde é o União Brasil que governa, caso de Goiás, com o governador Ronaldo Caiado, a direção da União Progressista ficará com ele.
No Acre, onde o União Brasil não terá senadores – o último senador da sigla no Acre foram exatamente, respectivamente, o atual governador Gladson Cameli e a vice-governadora Mailza Assis, eleitos em 2014 – Mailza foi sua primeira suplente e assumiu o Senado quando Gladson foi eleito governador no primeiro mandato, em 2018 – começa com os dois na chefia do Executivo, três deputados federais, três deputados estaduais, 14 dos 22 prefeitos e pelo menos 79 vereadores, cinco deles na capital, Rio Branco. O consenso é que Gladson Cameli, como líder absoluto na sigla, comande o novo partido no Acre.
No entanto, em nível nacional, faltando poucas horas para o anúncio oficial da formalização da fusão partidária, houve o princípio de uma crise envolvendo o deputado Arthur Lira, que não teria gostado de não ter sido escolhido o primeiro presidente do novo partido. O acordo que faria o ex-presidente da Câmara dos Deputados ser o presidente desta nova federação foi desfeito para que Antônio Rueda assuma essa primeira presidência, que será rotativa.
Por isso, a fusão que deve formar a maior bancada na Câmara dos Deputados e uma das maiores do Senado já vive uma crise antes mesmo de ser efetivada. A negociação de federação partidária entre PP e União Brasil foi feita prevendo um rodízio na presidência após a fusão. O acordo para que o ex-presidente da Câmara dos Deputados Arthur Lira (PP-AL) fosse este primeiro presidente foi desfeito.
Em seu lugar, deve assumir o presidente nacional do União Brasil, Antônio Rueda, para esta primeira presidência da federação. Rueda é presidente do partido desde o afastamento do deputado federal Luciano Bivar, que se envolveu em uma briga política com Rueda após ter perdido a eleição para a sucessão do partido em 2024.
Após o mandato de Rueda, que ainda não teve duração divulgada, Lira assumiria o comando deste grande bloco parlamentar que está se formando no Congresso. O acordo enfureceu Lira e foi costurado com o senador Ciro Nogueira (PP-PI) e com o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), que nunca teve boa relação com Lira. Num dos momentos mais agudos da crise, Lira ameaçou deixar o PP.
Ao ser concretizada, a fusão será a maior força do Congresso, com mais de 100 deputados e 14 senadores, além de ter os maiores repasses de verba pública para custeio de campanhas e funcionamento das siglas.
O sistema de federações partidárias foi introduzido na legislação eleitoral em 2021. O modelo une duas ou mais siglas que passam a atuar como uma só por, no mínimo, quatro anos. Os arranjos também estabelecem que deve haver um alinhamento das siglas nas campanhas. Isso significa que a federação deve caminhar de forma unificada nas disputas, definindo conjuntamente candidaturas que representem a aliança.
A formação desse tipo de aliança pode ser benéfica financeiramente para partidos. As regras estabelecem que os resultados eleitorais dos partidos de uma federação devem ser somados para o cálculo da cláusula de barreira. A federação permite que as siglas unidas compartilhem recursos no financiamento das campanhas para custear candidaturas.
Somados, PP e União teriam direito a receber a maior fatia, entre os 29 partidos registrados pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), do fundo público de financiamento de campanhas: levando em conta os valores distribuídos em 2024, uma eventual federação entre PP e União faria jus a quase R$ 1 bilhão em recursos públicos.
Por: Contil Net