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Crimes cibernéticos disparam em Cruzeiro do Sul: golpe de R$ 90 mil expõe ação de estelionatários que usam redes sociais e laranjas

Delegado alerta sobre fraudes em negociações virtuais, especialmente pelo WhatsApp; vítimas perdem economias de uma vida inteira

Um crime silencioso, que atravessa telas de celulares e se infiltra em conversas aparentemente inocentes, está fazendo novas vítimas quase todos os dias em Cruzeiro do Sul. Os golpes cibernéticos — especialmente os aplicados via redes sociais e aplicativos de mensagens — aumentaram de forma preocupante, segundo alerta o delegado Vinícius Almeida, da Polícia Civil. Só neste mês, um caso causou prejuízo de R$ 90 mil a uma vítima que tentava adquirir um imóvel pela internet.

Golpe da falsa intermediação: quando o criminoso engana comprador e vendedor

O golpe mais comum na região é o chamado “golpe do OLX”, que envolve compra e venda de veículos e imóveis. Nele, o estelionatário se apresenta como intermediador, mas nunca aparece pessoalmente. Ele age exclusivamente via telefone ou WhatsApp, utilizando números e contas bancárias que não estão em seu nome, dificultando o rastreio.

Lindomar Ventura – delegado

“O golpista se infiltra na negociação entre comprador e vendedor. Ele convence o comprador a transferir o valor diretamente para uma conta de terceiros, muitas vezes laranjas. Após a transferência, ele desaparece, bloqueia os envolvidos e some com o dinheiro”, explica o delegado.

Economia de uma vida perdida em segundos

A frieza com que os golpistas agem impressiona até mesmo quem investiga os casos. As vítimas geralmente são pessoas que economizaram por anos para adquirir um bem de valor, como uma moto, um carro ou até uma casa.

“São casos que têm levado as pessoas ao desespero. Elas juntam o dinheiro durante muito tempo, fazem planos, e perdem tudo em uma transferência bancária. O pior é que, na maioria das vezes, o golpista cria histórias que parecem reais e envolvem até mesmo o verdadeiro dono do bem”, disse Almeida.

Colaboração involuntária: como o verdadeiro vendedor acaba ajudando o estelionatário

Um ponto intrigante desses crimes é que, em muitos casos, o próprio vendedor do bem acaba, sem saber, auxiliando o golpe. Isso acontece porque o estelionatário, ao fingir interesse em comprar o imóvel ou o veículo, pede ao vendedor que entre em contato com um suposto intermediador — que na verdade é o comprador sendo enganado.

“O golpista cria uma história tanto para o comprador quanto para o vendedor. E, muitas vezes, o vendedor, na tentativa de fechar o negócio rapidamente, passa informações falsas, acreditando que está ajudando na venda. Isso passa segurança para o comprador, que acaba fazendo o depósito”, relata o delegado.

A dificuldade de recuperar o dinheiro e o uso de “laranjas”

Recuperar o valor perdido nesses golpes é quase impossível. Isso porque os estelionatários utilizam contas bancárias de terceiros — os chamados “laranjas” — que, muitas vezes, nem sabem que seus nomes e dados estão sendo usados para esse fim criminoso.

“Eles usam contas bancárias de outras pessoas. Algumas dessas pessoas sequer sabem que estão sendo usadas. E quando a vítima tenta reaver o dinheiro, já é tarde demais. O valor já foi repassado para outras contas ou sacado”, diz Almeida.

O principal alerta: cuidado com terceiros que não aparecem

A orientação da Polícia Civil é clara: desconfie de qualquer negociação onde apareça um terceiro, especialmente se ele não estiver presente fisicamente.

“Se tem um terceiro envolvido e essa pessoa não aparece, não fala pessoalmente, e só se comunica por aplicativos, há um grande risco de ser golpe. O ideal é sempre negociar diretamente, de forma presencial, e verificar todas as informações com cautela”, finaliza o delegado.

Como se proteger

  • Evite negociar com intermediários que não mostram a própria identidade.

  • Exija contratos, recibos e comprovantes.

  • Desconfie de urgência para transferência de dinheiro.

  • Sempre confirme a titularidade da conta antes de depositar valores.

  • Em caso de dúvida, procure a Delegacia de Polícia Civil antes de finalizar qualquer negócio.

O combate a esse tipo de crime ainda enfrenta desafios, mas a informação é a principal arma para evitar que mais pessoas tenham sonhos e economias levadas por golpistas escondidos atrás de uma tela.

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