Informação é que grávida estava em estado muito grave desde a entrada na maternidade, teve evolução na insuficiência respiratória e precisou de intubação. Como quadro clínico não foi estabilizado mesmo depois de ser transferida para UTI do Pronto Socorro, não foi possível passar por procedimento cirúrgico
Após a morte da autônoma Vanucia Alves da Silva, de 36 anos, que estava grávida de oito meses e internada na UTI do Pronto Socorro de Rio Branco com Covid-19, a direção da unidade emitiu uma nota para explicar o porquê de ela não ter passado por um parto de emergência para tentar salvar a bebê, que também morreu.
Vanuncia e a filha, Isabela, morreram no domingo (21) dois dias depois de darem entrada na UTI da unidade. Inicialmente, ela foi internada na Maternidade Bárbara Heliodora, na terça-feira (16), enquanto aguardava uma vaga de UTI. Somente três dias depois foi que conseguiu a transferência para um leito de tratamento intensivo, no PS, e foi intubada dentro da ambulância do Samu para ser transferida de hospital.
Conforme o documento, assinado pelo diretor do PS, Areski Peniche, a paciente assim que deu entrada na unidade já intubada por conta da insuficiência respiratória aguda causada pela Covid-19, associada à trombofilia, foi levada para a UTI do 5º andar.
Ela chegou na unidade em estado grave, foi admitida e examinada pelo médico da UTI que solicitou exames de rotina, como gasometria, culturas e demais exames de sangue. Ao mesmo tempo, segundo o documento, Vanucia recebeu atendimento por parte da equipe de fisioterapia e enfermagem.
Ao G1, o diretor informou que não foi possível fazer o parto de emergência na paciente, porque o quadro clínico dela não estabilizou desde sua entrada na unidade. Pelo contrário, logo nas horas seguintes, ela apresentou piora, mesmo recebendo os atendimentos na UTI.
“Ela chegou no Pronto Socorro muito grave e nas primeiras 12 horas de atendimento aqui na UTI, o quadro dela se agravou absurdamente. Ficou extremamente instável e isso inviabilizava qualquer procedimento”, afirmou Peniche.
Atendimento na maternidade
No mesmo documento divulgado pela direção do PS, a equipe da Secretaria Estadual de Saúde acrescentou informação a respeito do atendimento da paciente na Maternidade. No trecho, também é explicado o motivo para não ter sido realizado o procedimento cirúrgico naquela unidade.
“Ainda na Maternidade, com uma gestação de 31 semanas, a paciente evoluiu com insuficiência respiratória e necessidade de intubação orotraqueal. Considerando a prematuridade e os riscos envolvidos em um procedimento cirúrgico (sangramento materno devido ao uso de anticoagulante empregado no tratamento para Covid-19; tromboembolismo pulmonar, visto que se trata de uma doença associada ao estado de hipercoagulabilidade; além de outros riscos inerentes a um procedimento cirúrgico), foi realizada a tentativa de estabilização do quadro visando preservar a vida de gestante e do feto”, informou.
Por fim, a nota destaca que o Pronto Socorro, assim como as demais unidades de saúde do estado, têm se esforçado para prestar o melhor serviço à população.
“Com profissionais qualificados e especializados nas mais variadas áreas, visando cobrir toda a necessidade que o usuário possa ter. Vivemos um momento onde todos os serviços estão sobrecarregados, mas acreditamos que com a união de todos, dos trabalhadores e da sociedade, conseguiremos vencer este mal que assola o povo acreano.”
Primeiro filho
Casados há quase quatro anos, os dois planejaram e sonharam com a chegada da pequena Isabela, cujo nome significa consagrada a Deus, segundo contou o marido dela, Renêr Queiroz, de 30 anos, em entrevista no domingo (21), antes da morte da mulher e da filha. Nesta terça (23), o G1 não conseguiu contato com Queiroz.
Ele contou que a casa estava enorme sem a presença da mulher e que tinha fé e acreditava na recuperação dela. “Está todo mundo arrasado. Saí de casa com minha esposa e três dias depois voltei sozinho para casa. É complicado, tudo ficou grande. Nossa casa é pequena, mas agora pra mim o quarto está enorme, a cama está enorme, sem ela aqui.”, disse.
Queiroz também foi contaminado pelo novo coronavírus, mas contou que teve somente sintomas leves. Ele disse ainda que não tem ideia de como os dois contraíram a doença, uma vez que estavam tomando todos os cuidados e mal saíam de casa.
Via: G1