O Ministério Público do Acre (MP-AC) investiga a compra e distribuição dos medicamentos do ‘kit covid’ pela Secretaria de Saúde de Rio Branco (Semsa). O órgão instaurou uma notícia fato para apurar a compra de ivemectina e azitromicina no valor de mais de R$ 700 mil pela pasta.
As compras – uma no valor de R$ 183 mil de ivemectina e outra de R$ 545 mil – para aquisição do remédio azitromicina, foram publicadas no Diário Oficial do Acre (DOE) no mês de janeiro. A Saúde assinou contrato com duas empresas para ter o fornecimento por 12 meses.
Com isso, a 1ª Promotoria Especializada de Defesa do Patrimônio Público, Fiscalização das Fundações e Entidades de Interesse Social do MP-AC solicitou que o prefeito Tião Bocalom encaminhe informações sobre essas compras.
Ao G1, a assessoria de comunicação informou que o prefeito já recebeu o pedido e encaminhou para que a Semsa faça as tratativas necessárias.
Em sessão on-line na Câmara de Vereadores no dia 9 de março, Bocalom afirmou que a rede municipal de saúde iria continuar distribuindo cloroquina e ivermectina, medicamentos sem eficácia comprovada no tratamento da Covid-19.
Também em sessão no último dia 23, a vereadora Drª. Michelle Melo, do PDT, chegou a divulgar publicação do DOE mostrando a compra de azitromicina e ivermectina. No sábado (27), Bocalom confirmou a compra, mas afirmou que a prefeitura em nenhum momento fez a distribuição desses medicamentos no chamado Kit Covid. E que elas são compradas para estarem à disposição nos postos de saúde do município para o caso de prescrição por parte dos médicos.
A vereadora Michelle encaminhou um ofício para o promotor de Saúde o órgão, Gláucio Ney Oshiro relatando a situação e pediu providências.
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Bocalom chegou a ter página no Facebook suspensa por 48 horas após postagens sobre tratamento precoce — Foto: Reprodução/Facebook
‘Kit Covid’
A ivermectina é um vermífugo, usado para combater parasitas, como lombrigas e piolhos; a cloroquina é usada no tratamento de malária, lúpus e artrite reumatóide; e a azitromicina é um antibiótico. Os remédios não têm comprovação científica que comprovam eficácia no tratamento precoce contra a Covid-19. A doença ainda não tem tratamento precoce cientificamente comprovada.
Contudo, mesmo com a orientação da Associação Médica Brasileira de que o uso de remédios sem eficácia contra Covid-19 deve ser banido, o prefeito de Rio Branco, Tião Bocalom, continua defendendo o tratamento precoce para pacientes.
Ele chegou a ter a página no Facebook suspensa por 48 horas após postagens sobre o tratamento precoce. Quando retornou para a rede social, ele voltou a defender o tema.
Bocalom foi vacinado contra a Covid-19 no domingo (27) na Unidade de Referência de Atenção Primária (Urap) Roney Meireles, no conjunto Adalberto Sena, na capital acreana.
Fonte: G1