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Justiça decide que réu absolvido por morte de pastor em arrastão na Transacreana deve passar por novo júri

A Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Acre (TJ-AC) acolheu um recurso do Ministério Público Estadual (MP-AC) e anulou a decisão que absolveu Raimundo Nonato Nascimento Cavalcante pela morte do pastor Raimundo de Araújo da Costa, que ocorreu em abril de 2021 durante um arrastão na Rodovia Transacreana, zona rural de Rio Branco.

Raimundo Nonato, conhecido como Peteca, Hualeson Pereira Cavalcante, o Ualan, e Gerson Feitosa Ferreira Júnior foram julgados por um júri popular em março deste ano. Dos três, apenas Ualan foi condenado pela morte do pastor, pegando 26 anos e 8 meses de prisão por homicídio qualificado, com as seguintes qualificadoras: emprego de meio cruel, recurso que dificultou a defesa da vítima e crime praticado contra maior de 60 anos.

O MP-AC requereu que Peteca seja submetido a novo julgamento, ‘argumentando, para a anulação do julgamento’, que a decisão dos jurados é manifestamente contrária à prova dos autos’.

Na decisão, a Justiça destacou que os jurados se manifestaram positivamente quando indagados sobre autoria e materialidade sobre o réu Peteca. Todavia, no terceiro quesito previsto em lei, os jurados responderam também positivamente quando questionados se absolviam o acusado.

Ao analisarem o recurso do MP-AC os desembargadores Denise Bonfim, Élcio Mendes e a juíza de Direito convocada Olívia Ribeiro frisaram que ‘é contraditório que o Corpo do Júri tenha se manifestado positivamente nos dois primeiros quesitos –materialidade e autoria e, no terceiro quesito, tenha respondido também afirmativamente ao quesito genérico de absolvição’.

“Pelo que consta dos autos, vê-se que não foi atendida a formalidade legal, remanescendo dúvidas se realmente o intuito dos jurados era absolver o acusado, ou mesmo se não entenderam, em sua plenitude, os fatos e/ou a quesitação”, argumentaram.

A reportagem entrou em contato com a defesa do acusado e aguarda retorno. Ainda não há data para um novo julgamento.

Julgamento

 

Após mais de 12 horas de julgamento, o júri popular decidiu condenar um réu e absolver outros dois pela morte do pastor Raimundo de Araújo da Costa, em abril de 2021. O julgamento ocorreu na 1ª Vara do Tribunal do Júri da Comarca de Rio Branco no dia 14 de março e terminou por volta das 21h10.

Hualeson Peireira Cavalcante, vulgo “Ualan”, foi condenado incialmente a 15 anos, mas teve a pena aumentada para a 26 anos e 8 meses de prisão por causa das agravantes: o emprego de meio cruel, o recurso que dificultou a defesa da vítima e crime praticado contra maior de 60 anos. O regime inicial é fechado e ele não pode recorrer em liberdade.

“Visto que uma pessoa foi cruelmente assassinada por simplesmente discordar de sua postura, demonstrando desta forma que o acusado é pessoa altamente nociva à sociedade. Ademais, Hualeson colaria com facção criminosa”, diz a decisão.

A juíza Luana Cláudia de Albuquerque Campos, que assinou a decisão, determinou que a caixa de munições apreendida nos autos seja enviada para o Exército Brasileiro. Um celular apreendido deve ser devolvido ao dono mediante comprovação da propriedade até o trânsito em julgado da sentença. Transcorrido o prazo sem qualquer pedido, deve ser doado em favor da Delegacia de Homicídios – DHPP.

A morte do pastor ocorreu durante um arrastão no km 70 da Estrada Transacreana, na Rodovia AC-90, zona rural da capital acreana, que terminou com o roubo de vários objetos.

Local onde o pastor estava quando aconteceu o arrastão  — Foto: Reprodução

Local onde o pastor estava quando aconteceu o arrastão — Foto: Reprodução

Hualeson Pereira Cavalcante, vulgo “Ualan”, Raimundo Nonato Nascimento Cavalcante, vulgo “Peteca”, e Gerson Feitosa Ferreira Júnior foram julgados pelo crime de homicídio qualificado.

Ao menos oito testemunhas foram ouvidas durante o julgamento, além dos réus.

Em setembro de 2021, a Justiça aceitou a denúncia oferecida pelo Ministério Público do Acre (MP-AC). Além dos três que vão à júri, Clodoaldo Bruno de Oliveira, vulgo “Bocão”, também foi denunciado, mas estava foragido até o dia 22 de dezembro do ano passado, quando foi capturado pela Polícia Civil na zona rural de Feijó, durante cumprimento de mandado de prisão. Por conta disso, o processo dele chegou a ficar suspenso e foi desmembrado.

De acordo com o processo, Clodoaldo Bruno, Hualeson Pereira Cavalcante, Raimundo Nonato Nascimento Cavalcante e um adolescente de 17 anos estavam em um carro conduzido por Gerson Feitosa Ferreira Júnior, quando decidiram matar o pastor.

O júri de Gerson Feitosa Ferreira Júnior chegou a ser marcado em novembro de 2022, mas após pedido do Ministério Público do Acre (MP-AC), a 1ª Vara do Tribunal do Júri adiou o julgamento dele e remarcou junto com os demais réus.

POR G1-AC

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