A Promotoria de Justiça de Habitação e Urbanismo do Ministério Público de São Paulo (MP-SP) instaurou um inquérito civil nesta terça-feira (1º) para apurar as causas do desabamento do asfalto da Marginal Tietê ao lado da obra do Metrô da Linha 6-Laranja, na Freguesia do Ó, Zona Norte da capital.
O acidente abriu uma cratera na marginal. Não houve feridos, mas dois funcionários que tiveram contato com a água que jorrou com o acidente foram socorridos pelos bombeiros.
- O que se sabe sobre o desabamento em obra do Metrô na Marginal Tietê
- Em 2007, desabamento em obra do Metrô abriu cratera de 80 metros e matou 7 pessoas na Marginal Pinheiros
Em nota, o MP informou que irá apurar também a extensão dos danos urbanísticos e ambientais decorrentes do acidente que causou danos no canteiro de obras e na pista de rolamento da marginal.
O órgão solicitou que a Concessionária Linha Universidade (Linha Uni), responsável pela obra, encaminhe um relatório preliminar acerca do incidente ocorrido na obra com informações sobre todas as medidas adotadas até o momento em relação aos danos provocados no local e no entorno.
A Defesa Civil também foi acionada para informar sobre a existência de risco nos imóveis residenciais e comerciais existentes no local.
O Tribunal de Contas do estado de São Paulo (TCE) deu o prazo de 30 dias para a Secretaria Estadual dos Transportes Metropolitanos e o consórcio espanhol Acciona apontar as causas do acidente, quem pode ser responsabilizado, quais foram os prejuízos e informar a previsão de atraso da obra. O despacho do conselheiro Antonio Roque Citadini será publicado no Diário Oficial na quarta-feira (2).
O desmoronamento ocorreu por volta das 9h, antes da Ponte do Piqueri, no sentido Ayrton Senna, ao lado de um poço cavado construído entre as futuras estações Santa Marina e Freguesia do Ó. Ao longo da manhã, o buraco aumentou de tamanho.
De acordo com o secretário dos Transportes Metropolitanos, Paulo José Galli, o vazamento de uma galeria de esgoto causou a abertura da cratera. Segundo Galli, provavelmente o solo não suportou o peso da galeria, que passava 3 metros acima da máquina conhecida como “tatuzão” e acabou rompendo.
Ainda de acordo com o Galli, o “tatuzão” não atingiu a tubulação, mas ainda não se sabe o que provocou o vazamento. O governo investiga as causas.
“Houve o rompimento da galeria [de esgoto] que passa no sentido transversal ao túnel e houve o início de vazamento às 8h21. O solo não aguentou. A tuneladora passava a 3 metros dessa galeria, portanto não houve um impacto da tuneladora com a galeria”, afirmou.
Inicialmente, o Corpo de Bombeiros informou que um “tatuzão” havia rompido uma adutora, que alagou a galeria. No entanto, o secretário afirma que o equipamento passava três metros abaixo da galeria e não houve choque com a adutora. “Mas de alguma maneira houve o rompimento, e esse problema tem que ser investigado”, disse Galli.
“Estamos providenciando uma auditoria para identificar exatamente o que ocorreu e os responsáveis para que a gente adote as medidas cabíveis”, afirmou o secretário.
Galli afirmou que o objetivo será reabrir a Marginal Tietê. “Essa galeria precisa ser reconstruída e a marginal precisa retomar. Toda a equipe da engenharia da Sabesp já está aqui. Já parou de chegar esgoto [na galeria], e está estável”.
Segundo a Sabesp, por meio de nota, a tubulação, chamada Interceptor de Esgotos (ITI-7), é responsável por encaminhar o esgoto coletado para tratamento na ETE Barueri. Técnicos da Companhia trabalham no momento para desviar o esgoto para outros interceptores.
O governador João Doria também defendeu que a prioridade é liberar a Marginal Tietê.
“A prioridade número 1, liberação do trânsito na Marginal Expressa, CET já foi liberada pela Enel que também teve um envolvimento aqui. Agora a pista expressa vai ser liberada para melhorar o conforto e a velocidade média para chegar ao seu destino”. afirmou.
O secretário disse ainda que num primeiro momento “não há riscos” para os imóveis do entorno, mas que será feita uma análise.
Segundo o Departamento de Águas e Energia Elétrica do Estado (DAEE), não foi constatado danos ao leito do Rio Tietê.
A Marginal Tietê é composta por um conjunto de avenidas que margeiam o Rio Tietê e é a principal via expressa de São Paulo. Ela interliga as regiões Oeste, Norte, Central e Leste da cidade. A via também se conecta diretamente às rodovias Castelo Branco, Anhanguera, Bandeirantes, Presidente Dutra, Fernão Dias e Ayrton Senna e ao Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos.
Há registro de congestionamento nas rodovias (leia abaixo), e todas as linhas do Metrô funcionam normalmente.
O Corpo de Bombeiros informou que todos os trabalhadores conseguiram sair, e os dois funcionários que tiveram contato com a água contaminada foram socorridos pelos bombeiros por precaução.
Trânsito na região
A Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) interditou as pistas sentido rodovia Ayrton Senna da Marginal Tietê. Por volta das 13h, a via expressa da Marginal Tietê foi liberada. Há uma canalização controlada em duas faixas da pista expressa para que os veículos atravessem o ponto da obra com segurança. Agentes da companhia estão no local orientando os condutores. A CET pede que os motoristas evitem a Marginal Tietê e as vias da região.
Os motoristas que estão na Rodovia dos Bandeirantes, sentido São Paulo, estão sendo orientados sobre o que ocorreu na Marginal Tietê, e o tráfego foi desviado para o sentido Castello Branco da Marginal Tietê. Os motoristas enfrentam 3 km de filas, entre os km 16 e 13.
Acidente em 2007
Não é a primeira vez que um acidente de graves proporções atinge uma obra do metrô. Em 2007, um desmoronamento no canteiro de obras da Linha-4 Amarela provocou a abertura de uma cratera de 80 metros de diâmetro às margens da Marginal Pinheiros, na Zona Oeste da Capital.
O acidente ocorreu no local onde estava sendo construída a Estação Pinheiros. Sete pessoas foram soterradas no desabamento: o motorista de um caminhão que trabalhava na construção do Metrô, o motorista e o cobrador de um micro-ônibus engolido pela cratera, dois passageiros do coletivo e dois pedestres que passavam pelo local.